Um bilhete de avião para Estocolmo,
por favor
Por
políticas de apoio às crianças, jovens e famílias
A frase "Estocolmo
é a cidade ideal para constituir família" fará parte de um folheto
turístico de promoção da cidade, mas, na verdade, é o pretexto para uma
jornalista do jornal "Público" fazer uma reportagem em que explica
como é que nos anos 60 a Suécia era um dos países que tinha piores taxas de
natalidade na Europa e como é que atualmente é dos que tem uma taxa mais
elevada, por oposição a Portugal que tem a uma das mais baixa taxa de
natalidade da Europa.
Por cá as coisas
são diferentes. As políticas de família são cada vez menos explícitas, não
existindo uma política coerente, nem objetivos ou metas a cumprir para apoiar
as famílias com filhos. A ideia peregrina de incentivar a população em idade
fértil e de constituir família a emigrar, e o aumento do horário de trabalho
dos funcionários públicos, são um exemplo de falta de coerência de todos os
plano que possam ter sido anunciados.
Na Suécia tudo começou com a aposta no emprego
feminino, a par do emprego masculino e na criação de condições para apoiar os
pais, facilitando a conciliação da vida familiar com a vida profissional. Esta
opção assentou numa estratégia de dinamização da economia, investindo na
industria e nos serviços públicos, nomeadamente na educação. Será que não está
na altura de Portugal dar este passo de forma consequente?
Em 2006 o Governo PS iniciou uma política de apoio
às famílias com filhos, que visava a conciliação da vida familiar com a vida
profissional e a promoção da paridade entre o pai e
a mãe, e que tem de ser retomada.
Relembro algumas medidas como seja o Programa
de Alargamento da Rede de Equipamentos
Sociais (PARES) que concorreu para aumentar significativamente a resposta de creches, entre outras; o alargamento do horário de funcionamento dos
estabelecimentos de educação e ensino público do pré-escolar e do 1º ciclo do
ensino básico; e a oferta de atividades de enriquecimento curricular de
frequência gratuita no 1º ciclo. Registaram-se também importantes alterações
legislativas, designadamente com a Lei
nº 7/2009, de 12 de Fevereiro (aprova a revisão do Código de Trabalho) e com o
Decreto-Lei nº 91/2009, de 9 de Abril que alterou e regulamentou um novo
regime de proteção social na
maternidade, paternidade e adoção.
Destaco a licença parental inicial (se partilhada pelo outro progenitor, pelo menos 30 dias, aumenta para 5 meses a 100% ou 6 meses a 83%); a licença exclusiva da mãe (6 semanas); licença exclusiva do pai (10 dias obrigatórios mais 10 opcionais com a mãe, a 100%, mais 2 dias por cada gémeo); licença parental complementar (3 meses pagos a 25% para cada progenitor, se gozada após licença parental inicial), e 3 dispensas para consultas pré-natais pelo pai. Os avós passaram a ter a possibilidade de faltarem, em substituição dos pais, para assistirem a um neto menor em caso de acidente ou doença).
É esta politica que tem de ser retomada e ampliada
com um governo que protagonize políticas diferentes daquelas que têm existido
com a atual maioria, se queremos dar esperança às pessoas e às famílias. Estas medidas foram
muito importantes, mas ainda há muito a fazer. Uma boa política nesta área trará mais benefícios do que
prejuízos e será um investimento reprodutivo e produtivo para Portugal. Por isso,
deseja-se que, no próximo ano, a comemoração a 15 de maio do Dia Internacional da Família, seja uma
oportunidade para assinar o desenvolvimento de uma Política para Crianças,
Jovens e Famílias.
in Jornal Diário do Sul, junho 2015
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