Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

PORTUGAL VAI ENFRENTAR A CRISE



É habitual sentirmo-nos particularmente intranquilos no início de um novo ano mas desta vez o desconforto é substancialmente maior devido à crise mundial que também atravessa Portugal e que ninguém discorda que existe e toda a gente está expectante quanto à sua evolução.

Mas para além da constatação desta crise, desejamos ouvir passar das palavras aos actos porque temos problemas reais para resolver. Numa época em que todos estamos mais vulneráveis a discursos pessimistas vale mais dar boa nota de aspectos positivos e de medidas que estão a ser tomadas para minorar o impacto da crise.

Ao nível do crescimento da economia é importante relembrar que durante a governação actual a economia portuguesa cresceu 4,8%, enquanto durante os governos anteriores a riqueza produzida em Portugal baixou 0,2%. Esta situação não nos permite ter ilusões em relação ao desfasamento do país face aos outros países da União Europeia mas não pode ser ignorada porque é um dado objectivo da nossa evolução e da mudança que ocorreu entre 2002 e 2008.

No final de 2008 o Governo aprovou medidas para dinamizar o investimento e o emprego destinadas a minorar os efeitos da crise, no valor global de 2180 milhões de euros, na maioria financiamento nacional, complementado com financiamento europeu e investimento privado. Este investimento vai ser direccionado para o apoio à energia sustentável, à modernização da infra-estrutura tecnológica e das escolas e à actividade económica nomeadamente, às exportações e às pequenas e médias empresas. O Governo aumentou também o capital social da Caixa Geral de Depósitos no sentido de aumentar a sua capacidade de conceder empréstimos.

Na convicção que o desemprego é uma pecha social que temos de combater, foram igualmente desencadeadas medidas para atenuar a crise que vale a pena relembrar. Deixo a nota de três dessas medidas: pagamento de apoio à contratação, acrescido de isenção de dois anos de pagamento de contribuições para a segurança social na contratação de desempregados de longa duração com mais de 30 anos; redução em 50% da contribuição para a segurança social na contratação a termo de desempregados com mais de 55 anos e mais de 6 meses de desemprego; apoiar a contratação de 30.000 desempregados por instituições da sociedade civil.

O grande desafio é fazer chegar as diversas medidas às pessoas, às empresas, às associações e cooperativas, às organizações que realmente necessitam. A altura não é para ilusões mas também não é para ficarmos reféns do medo, imóveis perante a incerteza. De facto, não sabemos como vai evoluir a crise e as previsões para 2009 não são as melhores, nomeadamente para quem está numa situação de maior vulnerabilidade económica e social. A erradicação da pobreza é uma questão absolutamente central.

As crises exigem providência e lucidez para avaliar com realismo as consequências das decisões, mas sobretudo apelam a uma energia suplementar para atravessar os momentos de maiores tormentas. Já Fernando Pessoa dizia em “Mar Português”: Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena / Quem quer passar além do Bojador tem de passar além da dor / Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu. É assim também hoje. Portugal precisa da força e da coragem de todos para continuar a navegar em frente.
In Jornal "Diário do Sul"

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