Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Mário Soares é passado, presente e futuro



MÁRIO SOARES

O ÍCONE DA DEMOCRACIA PORTUGUESA


Mário Soares eternizou-se.
Há pessoas que pela sua dimensão não têm idade, visionárias, estão para além do seu tempo, os anos passam os ideais não envelhecem, são feitos de uma fibra diferente do comum dos mortais. Mário Soares é uma dessas pessoas. 

A 7 de dezembro de 1924, nasce em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, filho de Elisa Nobre Baptista e João Lopes Soares que desde cedo lhe veiculou ideias de “oposição democrática”. Nos anos 40 começa a sua atividade política. Em 1945 é preso pela primeira vez pela PIDE. Lutou pela liberdade em Portugal, combateu a ditadura, conheceu a mão da polícia política, as perseguições, esteve preso no Aljube e em Caxias, deportado para S. Tomé e Príncipe, acaba exilado em França, entre 1970 e 1974, na sequência de um processo em que é acusado de “traição à pátria”. A 25 de Abril de 74 é finalmente instaura a democracia em Portugal. Nunca desistiu.

Em 1973 é eleito secretário-geral do Partido Socialista fundado nesse mesmo ano, em Bad Munstereifel, nos arredores de Bona, Alemanha, resultante da reunião de um grupo de socialistas que decidem transformar a Ação Socialista Portuguesa num partido politico. É secretário-geral do PS durante 13 anos, Primeiro-ministro e Presidente da República entre 1986 e 1996. Em 1999 é cabeça de lista do PS às eleições europeias e a sua atividade política continua. É desde sempre uma referência no PS. 

O caricaturista Augusto Cid, em 1996 publicou o livro “Soares é Fish” inteiramente dedicado a Mário Soares que no prefácio escreve: acho-lhes [às caricaturas] sinceramente graça e considero-as uteis, mesmo quando um pouco injustas, para despertar o espírito critico da nossa gente, sobretudo dos jovens, que se devem habituar a não receber as ideias feitas e as consagrações estabelecidas pela rotina do tempo, sem espírito critico e sem alguma contestação.
 
A minha geração nasceu na ditadura e foi educada em liberdade graças aos ideais e à ação de mulheres e homens como Mário Soares. Por isso lhe serei eternamente grata. Na candidatura às eleições presidências de 2006 estive a seu lado, com a convicção que aos 81 anos continuava muito à frente da sua época. Ele será sempre o Presidente de todos os portugueses. Em 2009, Mário Soares dava uma entrevista onde reafirmava a importância da política: Desacreditando-se os políticos e os partidos, desacredita-se também a democracia. E isso é péssimo.

Este homem passado 6 anos, na sua mais absoluta lucidez, escrevia no Diário de Notícias: Na verdade, por mais graves que sejam os tempos que se avizinham, não devemos perder a esperança. Foi sempre alimentando a esperança num mundo melhor que as sociedades – e as pessoas – foram capazes de progredir. Lutando pelos grandes ideais da paz, da liberdade, da solidariedade, da justiça social e dos Direitos Humanos. É por isso que em momentos de crise não podemos – nem devemos – prescindir das conquistas sociais.
 
Mário Soares faz parte da memória coletiva do povo português. 

Mário Soares é futuro para quem acredita e luta pelos Valores “Liberdade”, “Democracia” e “Direitos Humanos”.

Mário Soares


 MÁRIO SOARES 

1924-2017


SOARES É FIXE




António Guterres empossado secretário-geral da ONU



No dia em que António Guterres é empossado como secretário-geral das Nações Unidas, sinto particular orgulho em ser portuguesa.




"Eu, António Guterres, juro solenemente exercer com toda a lealdade, discernimento e confiança, as funções que me são confiadas".


"Quero sublinhar três prioridades estratégicas: o nosso trabalho pela paz, o nosso apoio ao desenvolvimento sustentável e a nossa gestão interna" após ter prestado juramento sobre a Carta das Nações Unidas.


"A ONU deve estar preparada para mudar", afirmou António Guterres.

ONU, António Guterres e Portugal




Respirar de alívio


A eleição de António Guterres para o cargo de Secretário-geral das Nações Unidas é motivo de grande orgulho, depois do exigente processo a que se submeteu e de ter superado com sucesso todas as etapas. Portugal pode finalmente respirar de alívio. Após a minha habitual pausa de verão, é bom regressar ao vosso encontro num momento impar como este.

O outono começa com outra boa notícia: desde o passado dia 1 de outubro, as pessoas desempregadas, inscritas no centro de emprego, deixaram de ser obrigada a apresentar-se ao controlo quinzenal. O incumprimento dessa imposição podia implicar a perda do subsídio de desemprego. 

Um dia acompanhei uma amiga a um dos centros de emprego de Lisboa e tive oportunidade de constatar o efeito que essa medida tinha sobre as pessoas. Depois de quase duas horas de espera, Inês foi finalmente chamada para confirmar que ainda se encontrava desempregada, sentia que era um ato inútil. Há meses que ela cumpria um ritual que apenas contribuía para reforçar o seu mau estar. Agora respira de alívio. A avaliação dessa medida veio mostrar que era pouco eficaz no combate à fraude e em boa hora foi alterada, mas esta opção do Governo representa mais do que o fim da medida. 

Por um lado, é um exemplo de pedagogia política na relação entre as instituições públicas e os cidadãos. A sociedade precisa de romper com a semântica de suspeição sobre os cidadãos e investir numa cultura de responsabilidade e confiança Em todo o lado há pessoas que prevaricam, mas o povo português não pode viver sob suspeição permanente. Todos nos recordamos dos discursos que atribuíam a culpa da recente crise económico-financeira que atingiu a Europa, à atitude despesista dos portugueses. O desenvolvimento do país exige uma mudança de mentalidade.   

Por outro lado, diz-nos que a todo o momento podemos alterar políticas e corrigir caminhos. Aqui deixo uma nota de esperança na reabilitação do programa “Novas oportunidades”, lançado em 2007 pelo PS, e que agora se chama “Centro Qualifica”. Todos nos recordamos dos ataques de Passos Coelho a esse programa, mas na realidade veio contribuir para qualificar muitos portugueses, respetivamente adultos que não tiveram oportunidade de estudar quando eram jovens e jovens adultos que não conseguiram completar a escolaridade obrigatória. 

A educação e formação de adultos sai agora reforçada num país onde as baixas qualificações e a iliteracia são um problema grave. Este programa teria beneficiado de um consenso político alargado que garantisse o seu desenvolvimento para além dos ciclos políticos. Afinal a valorização da educação é um dos maiores combates que temos pela frente.


Portugal Campeão do Euro 2016



PARABÉNS SELEÇÃO PORTUGUESA
Somos imparáveis
Somos Portugal

Somos Campeões Europeus!

 
 No início do Euro 2016... a equipa estava com atitude

Desigualdade entre crianças - futuro hipotecado


Reimagine o futuro
O desenvolvimento das crianças e das sociedades


O futuro já chegou e passa muito rápido. Falamos do crescimento das crianças. Os últimos relatórios da UNICEF dão-nos conta do estado da infância e do muito que falta fazer no mundo, na Europa e em Portugal. O relatório A Situação Mundial da Infância – Re-imaginar o futuro: Inovação para todas as crianças 2015 e o relatório apresentado em abril, Equidade para as crianças: uma tabela classificativa das desigualdades no bem-estar das crianças nos países ricos lançam, mais uma vez, importantes dados para os Estados refletirem.

Ironicamente tudo acontece numa Europa em que as crianças são um bem raro. A União Europeia (EU) prevê que em 2030 o número médio de filhos por mulher seja de 1,6 filhos enquanto o limiar de renovação das gerações é 2,1. A Europa conta, atualmente, com 4,4 pessoas em idade de trabalhar por cada pessoa de 65 anos ou mais. Atendendo a que a população ativa europeia deverá diminuir acentuadamente no futuro, esse número deverá baixar para 3,1, em 2025, e para apenas 2,1, em 2050.

Assim, é compreensível que a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa venha avisar (e desde há muito que todos ouvimos isto) que o envelhecimento da população é um dos maiores desafios que o continente enfrenta. Em aberto fica a questão: quando é que a UE faz uma forte aposta estratégica de longo prazo, nas políticas de suporte à parentalidade e de promoção da infância? Afinal os problemas associados ao envelhecimento e ao nascimento de crianças são 2 faces da mesma moeda.

Como dizem os relatórios, se por um lado muitas crianças nascidas hoje desfrutarão de imensas oportunidades não disponíveis há 25 anos, por outro lado estima-se que na Europa o número de crianças continue em queda acentuada e que as desigualdades se mantenham, com reflexos negativos no desenvolvimento das sociedades. Como alerta a UNICEF, nem todas as crianças terão a mesma oportunidade de crescer saudáveis, de receber educação e de conseguir realizar o seu potencial, tornando-se cidadãos plenamente participantes, como prevê a Convenção sobre os Direitos da Criança.

Em Portugal, entre 2008 e 2013, as disparidades de rendimento aumentaram 5,4 pontos percentuais, refere a UNICEF. Portugal é também dos países onde o Estado tem um papel menos relevante na redução das desigualdades entre as crianças. No nosso país, as transferências sociais (subsídios, abonos, etc.) têm um efeito reduzido na diminuição da desigualdade de distribuição de rendimentos.

Portugal surge em 19.º. ao nível das disparidades na educação, num total de 37 países. O relatório Estado da Educação 2014 diz-nos que as taxas de retenção continuam a ser muito elevadas no nosso país, apesar do aumento da escolarização e da redução do abandono escolar precoce. Por isso, o relatório do Conselho Nacional de Educação é muito claro ao apontar a necessidade de um maior investimento nas novas gerações.

Neste contexto, a pergunta da UNICEF não pode ser mais oportuna: podemos ser mais ousados, experimentando abordagens não convencionais e procurando soluções em novos lugares para acelerar os progressos rumo a um futuro em que todas as crianças possam usufruir de seus direitos? Sim podemos. A Europa e Portugal, em particular, ainda têm muito caminho a percorrer. As crianças e os jovens estão à nossa espera. Sem eles não temos futuro.



In Jornal Diário do Sul