Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

ONU, António Guterres e Portugal




Respirar de alívio


A eleição de António Guterres para o cargo de Secretário-geral das Nações Unidas é motivo de grande orgulho, depois do exigente processo a que se submeteu e de ter superado com sucesso todas as etapas. Portugal pode finalmente respirar de alívio. Após a minha habitual pausa de verão, é bom regressar ao vosso encontro num momento impar como este.

O outono começa com outra boa notícia: desde o passado dia 1 de outubro, as pessoas desempregadas, inscritas no centro de emprego, deixaram de ser obrigada a apresentar-se ao controlo quinzenal. O incumprimento dessa imposição podia implicar a perda do subsídio de desemprego. 

Um dia acompanhei uma amiga a um dos centros de emprego de Lisboa e tive oportunidade de constatar o efeito que essa medida tinha sobre as pessoas. Depois de quase duas horas de espera, Inês foi finalmente chamada para confirmar que ainda se encontrava desempregada, sentia que era um ato inútil. Há meses que ela cumpria um ritual que apenas contribuía para reforçar o seu mau estar. Agora respira de alívio. A avaliação dessa medida veio mostrar que era pouco eficaz no combate à fraude e em boa hora foi alterada, mas esta opção do Governo representa mais do que o fim da medida. 

Por um lado, é um exemplo de pedagogia política na relação entre as instituições públicas e os cidadãos. A sociedade precisa de romper com a semântica de suspeição sobre os cidadãos e investir numa cultura de responsabilidade e confiança Em todo o lado há pessoas que prevaricam, mas o povo português não pode viver sob suspeição permanente. Todos nos recordamos dos discursos que atribuíam a culpa da recente crise económico-financeira que atingiu a Europa, à atitude despesista dos portugueses. O desenvolvimento do país exige uma mudança de mentalidade.   

Por outro lado, diz-nos que a todo o momento podemos alterar políticas e corrigir caminhos. Aqui deixo uma nota de esperança na reabilitação do programa “Novas oportunidades”, lançado em 2007 pelo PS, e que agora se chama “Centro Qualifica”. Todos nos recordamos dos ataques de Passos Coelho a esse programa, mas na realidade veio contribuir para qualificar muitos portugueses, respetivamente adultos que não tiveram oportunidade de estudar quando eram jovens e jovens adultos que não conseguiram completar a escolaridade obrigatória. 

A educação e formação de adultos sai agora reforçada num país onde as baixas qualificações e a iliteracia são um problema grave. Este programa teria beneficiado de um consenso político alargado que garantisse o seu desenvolvimento para além dos ciclos políticos. Afinal a valorização da educação é um dos maiores combates que temos pela frente.


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