Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Capitães de Abril, testemunho da inteligência emocional do povo portugês


A Paixão Pela Liberdade


No ano em que se comemoram os trinta e cinco anos do 25 de Abril de 1974, os portugueses apresentam-se orgulhosos da liberdade conquistada.

Em Portugal, a liberdade é uma herança de uma geração que lutou e venceu. A força dos Capitães de Abril é um testemunho da inteligência emocional do povo português, porque estes homens tiveram a capacidade de fazer uma revolução contra a ditadura mantendo a paz social, preservando a vida das pessoas. Quantos povos se podem orgulhar de terem uma mudança social desta grandeza sem violência nas ruas?

A forma pacífica como foi liderada a passagem da ditadura para a democracia revela que a sociedade portuguesa tem nos seus genes a capacidade de fazer mudanças de forma sustentável. Assim, não seria de transmitirmos este testemunho aos mais jovens, enaltecer nas comemorações de Abril o valor da mudança que têm em si? Aproveitarmos para nos projectarmos para o futuro com confiança, estimular e desafiar os mais jovens a tomarem o destino nas suas mãos.

A liberdade e a democracia cumprem-se pela prática dos dias, pela forma como exercemos a nossa cidadania, ou seja, como assumimos o compromisso com a defesa dos nossos direitos e o exercício dos deveres. A Revolução de Abril deixou aos mais jovens o legado da liberdade e o exemplo de que a democracia constrói-se com coragem e perseverança.

É confrangedor ver que as comemorações de Abril servem para fazer campanha política contra tudo e contra todos, sem laivos de criatividade. A oposição repete-se ano após ano na crítica fácil, aproveitando as dificuldades para dizer as mesmas coisas com ares de novidade.

Este ano assiste-se a uma crise internacional como não há memória recente. Os seus impactos são sérios e as razões conhecidas, mas os discursos ignoram a sua dimensão e os seus efeitos em Portugal para insistirem que o mal é do Governo quando o rumo que vinha a ser seguido pela governação ilustra perfeitamente o contrário.

É difícil ficar indiferente ao discurso dos que desvalorizaram a Revolução, falaram com displicência da forma como foi vivida em Portugal, transpirando saudosismo pelos tempos passados. Os que falam assim estão muito distantes de acompanharem o sentimento da sociedade portuguesa.

No estudo da Revista “Visão” sobre o que pensam os portugueses da liberdade a grande maioria considera que é um dos mais importantes valores adquiridos na nossa sociedade. Mais, para os que insistem em dizer que a liberdade está comprometida, registe-se que 83,9 % dos portugueses inquiridos consideraram que hoje existe mais liberdade do que há vinte ou trinta anos.

Nos nossos dias, Portugal vive o mesmo estado de paixão pela liberdade dos homens e das mulheres que há trinta anos a conquistaram. O nosso desafio é aperfeiçoar as práticas de cidadania, no exercício do nosso quotidiano.
in Jornal "Diário do Sul"

1 comentário:

Pedro Bernardes disse...

é dificil valorizarmos o que damos como certo.
Penso que existe um caminho a trilhar na explicação do que é a democracia e a liberdade de pensamento e das dificuldades por que passámos até conquistarmos essa liberdade.
Temos de reinventar novas formas de transmitirmos estes valores intangiveis aos nossos jovens que são bombardeados com a os valores económicos e sociais tangiveis que enfrentam todos os dias.

Temos de reinventar a sociedade.