Em tempos de crise, o investimento nas pessoas é um balão de oxigénio que nos permite respirar no presente e um factor de desenvolvimento no futuro. Por isso considero fundamental que o Governo não tenha interrompido o investimento que, desde início da legislatura, tem vindo a fazer na construção da rede de cuidados continuados integrados.
Esta Rede insere-se no Serviço Nacional de Saúde e no Sistema de Segurança Social e visa dar uma resposta especializada e mais próxima das pessoas, nomeadamente das mais idosas. A sua finalidade é a recuperação global dos doentes em situação de dependência, entendida como o processo terapêutico e de apoio social, contínuo, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social.
Os cuidados continuados dividem-se em Unidades de Internamento de Convalescença, até 30 dias, Média Duração e Reabilitação, até 90 dias, e de Longa Duração e Reabilitação e Equipas de Apoio Domiciliário Integrado. O acesso do cidadão à Rede é tendencialmente efectuado através dos médicos de família e dos hospitais que referenciam as situações às equipas locais de cuidados continuados com vista ao seu encaminhamento.
Do que tenho observado no terreno, os Cuidados Continuados Integrados concorrem para que tenhamos um serviço nacional de saúde e de protecção social mais eficiente. Em termos práticos, a questão coloca-se na capacidade de execução das diversas organizações que integram a Rede e que têm de colocar as respostas ao serviço das pessoas. Assim, das visitas que tenho efectuado e do contacto com pessoas beneficiárias da Rede, resultam três ideias claras.
A primeira é que este serviço é uma resposta extraordinariamente importante para a recuperação, em tempo útil, dos doentes em situação de dependência, desde as pessoas, muitas delas jovens, vítimas de acidentes de viação e de trabalho, até aos mais idosos, principais vítimas de AVC, uma doença com especial incidência no Alentejo. Assim, é fundamental o investimento no desenvolvimento de todas as respostas que integram uma rede que visa dar uma resposta sequencial aos doentes, ou seja, acompanhá-los nas várias fases do processo de recuperação.
A segunda constatação é que as respostas actuais têm uma capacidade instalada interessante, em termos de equipamentos e de recursos humanos especializados. Na convicção de que estes doentes precisam de cuidados muito personalizados e de que todos os prestadores, dos menos aos mais diferenciados, têm de ser muito competentes. Mas a qualidade da resposta também passa pela capacidade das organizações cooperarem entre si, do acompanhamento e supervisão dos serviços prestados pelas diversas organizações, e de um processo de avaliação contínua das necessidades que vão surgindo.
Por último, não obstante o reforço da rede que está em curso, a procura ainda é muito superior à oferta, sobretudo ao nível do internamento de longa duração e do apoio domiciliário. Entretanto, tive oportunidade de saber que brevemente vão abrir mais unidades no nosso distrito e que o apoio domiciliário, embora a um ritmo mais lento, também está a avançar, resposta imprescindível para as famílias que têm pessoas dependentes a seu cargo.
No entanto, é importante que todos compreendam que a rede está numa fase de expansão a 10 anos, prevendo-se que em 2016 estejam implantadas no terreno todas as unidades. Assim, em boa hora o Governo decidiu antecipar para 2009 a meta de atingir 8200 camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados que tinha previsto atingir só em 2010.
A expansão desta rede espelha de forma muito clara que a função do investimento na área social não é a produção de riqueza mas tem um impacto no bem-estar e desenvolvimento social, que nem sempre é devidamente reconhecido.
Opinião publicada no Jornal "Diário do Sul"
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