Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

O dia seguinte às eleições europeias




Porque Navegar é Preciso, Mesmo na Tormenta


No rescaldo das eleições para o Parlamento Europeu é preciso continuar a navegar e acima de tudo manter o norte. É fundamental observar os ventos, repensar a rota e governar.

Os resultados das eleições europeias suscitam-nos algumas interrogações. Numa primeira abordagem sobre o valor da democracia e a governação dos povos e numa leitura mais objectiva sobre a situação de Portugal.

O direito a votar foi difícil de conquistar. Os regimes democráticos vivem da participação de todos por isso considero legítimo que nos interroguemos sobre o direito à abstenção: será que os abstencionistas pensam que ao demitirem-se de fazer escolhas estão a contribuir para um mundo melhor? Na realidade não foram os 61.25% de abstenção, nas eleições europeias de 2004, que contribuíram para uma Europa mais forte, tal como não serão os 62.95% de abstenção em 2009.

Quanto à governação na Europa, registo com preocupação o reforço dos partidos de direita, como é o caso do Partido Popular Europeu, e tudo aquilo que representam. Nos momentos de crise e de maior incerteza é normal emergir com mais força a necessidade de segurança e ganharem mais adeptos os discursos justiceiros e radicais contra a imigração e tudo o que seja um factor de aparente instabilidade. Mas curiosamente quem proclama a segurança também defende o liberalismo, a lei da sobrevivência do mais forte e do paternalismo sobre o mais fraco.

Por isso, quem é a favor de uma nova ética económica e social, de uma regulação dos mercados diferente da que conduziu à crise, deve ficar apreensivo com o reforço do Partido Popular Europeu, onde se inscreve o PSD e o CDS. Assim, questiono-me se não temos sérios motivos para temer o enfraquecimento do modelo social europeu. Por outro lado, é no mínimo insólito acreditarmos que vão ser os partidos políticos que são contra a construção europeia, concretamente o BE e o PCP, que vão contribuir para que a Europa seja uma voz mais forte e afirmativa no mundo.

Em relação a Portugal vou continuar a escrever sobre as medidas do Governo com a mesma tranquilidade porque acredito que temos tido boas medidas e que o seu impacto é positivo. Eu compreendo que nem sempre seja fácil distanciarmo-nos da nossa situação particular para vermos o que mudou à nossa volta mas é um exercício que devíamos aproveitar para fazer.

Desde o início da governação Socialista que a nossa situação vinha a evoluir muito positivamente na generalidade das áreas e a crise internacional veio inflectir essa tendência. Mas isso não obsta que Portugal tenha hoje mais e melhores respostas públicas em diferentes áreas desde a saúde, à educação, à protecção social e também ao nível da estabilidade das finanças públicas, das energias e das novas tecnologias.

A crise veio abalar a confiança das pessoas e há situações complicadas de resolver mas isso exige estabilidade para que se continue a governar com rumo, não é momento para experimentações. Assim, estas eleições são uma oportunidade para o Governo repensar a rota, abrir novas perspectivas e manter o rumo de Portugal no sentido do desenvolvimento social e económico.

1 comentário:

joaquim carrapato disse...

Cara Deputada;

O dia seguinte é sempre consequência do dia antes. Depende de escolhas, atitudes, mas sobretudo da coerência e dignidade com que se exerce o poder. Depende sempre das pessoas! Da sua forma de estar na vida, da sinceridade da honestidade, da humildade para reconhecer os erros e anuncia-los publicamente. Só as grandes mulheres e os grandes homens são capazes de o fazer.
Há determinadas politicas que só os políticos entendem. Mas então para que servem ou a quem servem essas políticas?. É aqui que reside em grande parte o fracasso dos governos, de todos os governos. Não quero aqui discutir se as politicas são boas ou más o que é certo é que as pessoas não gostam.
Há classes privilegiadas, organizações de toda a ordem, fundações, agremiações, associações, etc. etc. E, no meio de tudo isto ou mais propriamente dentro disto há pessoas com interesses e direitos.
Podemos distanciar-nos da nossa situação particular, mas há que entender que há milhares de pessoas na mesma situação. Portanto, o particular torna-se muito mais amplo. Há que saber lidar com as diversas “particularidades“.
A politica não é uma arte! Se assim fosse teríamos que considerar os políticos como artistas, coisa que o político não pode ser.
Termino dizendo o seguinte:
- Onde estavam estas cabeças pensantes que agora aparecem praticamente todos os dias nos mais diversos lugares a falar de economia, muito engravatados e penteados com frases feitas tais como: O País precisa de…; O que deve ser feito é…; os erros estiveram em…; Alguns até dizem que já tinham avisado. Só se foi em surdina e para a família.
Onde estavam ? Em que Universidade leccionavam? O que ensinaram aos seus alunos? O mesmo que aprenderam ou esta crise já lhe ensinou mais alguma coisa?

Continuarei a seguir “ Com o Alentejo na Alma “