Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

As tochas de fogo de Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite, apresentada como símbolo do rigor, perdeu o seu traje de supermulher para converter-se numa malabarista que realiza um difícil jogo de precisão com pelo menos três tochas de fogo no ar. Depois de ler um artigo, na imprensa espanhola, sobre a situação de um outro político, imediatamente me ocorreu à memória esta imagem, ilustrativa das dificuldades que o PSD atravessa.

Ferreira Leite, apesar de continuar a conseguir fazer malabarismo, não encanta os seus espectadores, não faltam razões para temerem o final do espectáculo e que a artista perca a magia com que pretendia ofuscar a audiência. A ver pela evolução dos acontecimentos se continuar a aumentar o número de tochas de fogo no ar é provável que se registo um incêndio de extensão incalculável, com sérios prejuízos para as pessoas, e especialmente para os incautos.

Primeira tocha de fogo. É o seu próprio Partido. E possivelmente é a mais pesada e difícil de manejar. No entanto, o voo de Ferreira Leite depende em grande parte do apoio do próprio Partido. A verdade é que a lista de candidatos à Assembleia da República foi aprovada à tangente e contra a opinião de uma boa parte dos dirigentes distritais. O mais curioso é que se fosse uma candidata alternativa ao aparelho partidário seria admissível mas numa pessoa do sistema, com uma longuíssima história de intervenção política-partidária, significa que não tem capacidade para gerar consensos e que não se augura boa coisa no futuro.

Tocha número dois. Democracia. Nas suas primeiras intervenções começou por falar de “suspensão da democracia”. O PSD depressa veio emendar a mão para dizer que Ferreira Leite não queria dizer o que os portugueses tinham claramente depreendido das suas palavras, mais concretamente que era uma personalidade mais autoritária do que democrata. De facto, a gestão partidária que tem feito, de opiniões diferentes das suas, denunciam aquilo que deixou transparecer logo ao início.

A actual líder do PSD é avessa ao pluralismo democrático e segrega quem não é um seu fiel discípulo. Numa coisa tem razão: é mais fácil exercer o poder quando um manda e os outros obedecem.

Terceira tocha. Mudança. Com uma lista de candidatos a Deputados à Assembleia da República, do velho regime traduz que Ferreira Leite não sabe o significado de renovação, de outra forma não se tinha inicialmente proposto a tal. A sua mentalidade está nos antípodas de ser inovadora e de ter capacidade para gerar mudanças positivas na sociedade portuguesa.

Com pelo menos três tochas no ar arranjou fogo para se queimar e deixar o que está à sua volta a arder. De uma pessoa que faz malabarismo com as palavras, que tem atitudes contraditórias com o que diz, espera-se tudo e inclusive que a história se repita. Com Manuela Ferreira Leite o País iria conhecer um regresso ao passado e à intolerância. Eu não arriscava.

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