Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

EM DEFESA DA INTERVENÇÃO PRECOCE PARA TODAS AS CRIANÇAS





Eu partilho da opinião de muitos cidadãos de que é necessário criar um balão de oxigénio em torno das questões sociais, ou seja, para estas políticas respirarem necessitam de ser olhadas numa perspectiva positiva, como pilares fundamentais do desenvolvimento social e não numa lógica paternalista. É tempo de se falar também das questões sociais pelos bons
motivos.

Mas tradicionalmente as questões sociais só surgem no espaço mediático em duas circunstâncias particulares: quando parecem representar uma ameaça para a paz social ou quando apelam ao sentimentalismo. A prova mais recente é a praxe a que o próximo Governo tem estado sujeito na comunicação social e que exclui as questões sociais deste ritual de iniciação mediático, em que se especula sobre o que ai vem, como se não fizessem parte do xadrez das políticas públicas.

Neste alinhamento, quero dar boa nota da recente publicação, em Diário da República, do novo enquadramento da intervenção precoce para crianças até aos seis anos de idade e que representa um avanço em termos sociais. Entre outros aspectos, este decorre da transversalidade desta resposta que contempla a articulação da saúde, da educação e da segurança social. Tal como noutras áreas, também a política para a infância para ser eficaz tem de ser pensada articulada e globalmente.

A intervenção precoce dirige-se a crianças com deficiência, atraso de desenvolvimento ou risco de atraso de desenvolvimento, bem como às suas famílias. Este trabalho, invisível aos olhos da sociedade, faz a diferença entre prevenir ou não, o agravamento de um problema ou de uma deficiência numa criança e de ajudar os seus pais a lidar com situações difíceis na vida dos seus filhos, com impacto na vida de todos e na organização da família.

Assim, temos razões bastantes para reconhecer o mérito desta medida que tem ainda a particularidade de decorrer de uma experiência que já estava a ser desenvolvida nalguns locais, mas que apenas o Alentejo teve capacidade para implementar. Em 2008, no Alentejo, foram apoiadas pelas equipas de intervenção precoce 2374 crianças e 2024 famílias. A partir de agora existem condições para que o Sistema Nacional de Intervenção Precoce abranja todo o País e seja mais eficaz na resposta às crianças abrangidas e suas famílias.

Na legislatura anterior, uma das minhas lutas então como deputada eleita pelo círculo eleitoral de Évora, passou precisamente pela defesa do sistema de intervenção precoce e pela sua preservação no Alentejo. Todos os que estiveram juntos nesse processo reforçaram a sua consciência de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Para eles vai também o meu reconhecimento:

Assim, acredito que esta iniciativa do anterior Governo tem potencial para ser um instrumento político de grande alcance social, pelo que, estou expectante em relação ao investimento público nesta matéria, nos próximos quatro anos. Porque a criança de hoje é o adulto que teremos nos próximos vinte anos, a aposta no seu desenvolvimento deve ser uma prioridade se queremos um Portugal com Futuro.



publicado no jornal "Diário do Sul"

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