Neste período do ano é comum sentirmos um apelo especial para questões que habitualmente não nos ocupam muito tempo, a não ser quando somos obrigados a isso. Na prática, tudo se resume ao seguinte. Será habitual cada um de nós ter consciência que a dimensão pessoal da vida das pessoas, que fazem parte do nosso quotidiano, pode ir além daquilo do que nós imaginamos?
A resposta a esta questão parece óbvia: claro que sim. Mas no fundo não é nada assim. A realidade é que a vida é única e irrepetível, o que a torna singular e inimaginável para os outros. Este pensamento atribui uma enorme dignidade à vida e dá um profundo sentido aquilo que é a liberdade de cada um para se auto-determinar, ou seja, o direito de em consciência decidir sobre si próprio.
Daqui extraem-se três ideias para um tempo de reflexão. Primeira ideia: O outro não se faz à nossa imagem e semelhança. A vida é feita de opções múltiplas, tantas quanto as maneiras de sentir e pensar. Num Estado de Direito Democrático, a igualdade não pode ser um direito que exclui, bem pelo contrário, deve ser inclusivo. O princípio da igualdade dita que todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei.
Segunda ideia: segundo Ortega Y Gasset “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”. Assim, cada um reage às coisas em conformidade com os seus valores, o seu percurso de vida mas também em função das condições que vive em cada momento concreto da sua existência e sobre isto sabemos pouco, aliás só o sabemos quando somos confrontados com as situações.
Terceira ideia: uma coisa é a solidariedade própria de uma cultura de respeito pelo Outro, que se expressa numa relação de igualdade e de entreajuda, outra bem diferente é uma cultura de intromissão na vida alheia. Infelizmente esta atitude é mais comum e leva à formação de opinião fácil sobre a vida do vizinho e à constituição (ilegítima) do direito de intromissão em assuntos privados.
Num tempo de paz e de encontro entre as pessoas, é tempo de reflectimos sobre o que representam valores como: solidariedade e tolerância. A liberdade e a democracia assim o determinam, sob pena de em sociedades cada vez mais abertas se instalar o conflito e o caos. O investimento nas pessoas será o grande desafio do século XXI!
1 comentário:
Obrigada por esta reflexão que subscrevo na íntegra. Paula Campino
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