AS REDES SÃO O TRAMPOLIM
PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E REGIONAL
Na passada semana, a equipa do Programa do Contrato Local de Desenvolvimento Social de Évora, uma parceria entre a Câmara Municipal de Évora, a Cáritas Diocesana de Évora e a Associação para o Desenvolvimento e Bem Estar Social da Cruz da Picada, promoveu o "Encontro Com+Futuro. Évora". Destaco este Encontro pela qualidade das questões que colocou a debate, nomeadamente as que envolvem as parcerias.
Esta medida de política social do Governo, corresponde a uma preocupação com a coesão e desenvolvimento local e tem por finalidade promover a inclusão social dos cidadãos e a qualidade de vida. Nunca será demais sublinhar que este tipo de medidas são um instrumentos imprescindível no combate à pobreza e à exclusão social e que, por isso, devem ser desenvolvidas em rede, de forma sistemática e continua.
Assim, neste Encontro procurei corresponder na minha intervenção ao desafio que me foi lançado de dar um contributo para a problematização do trabalho em rede e das parcerias como ferramenta do desenvolvimento. Há uma coisa que para mim é muito clara: o desenvolvimento local e regional, depende da nossa capacidade de nos organizarmos e das instituições trabalharem em rede.
No Alentejo esta questão é particularmente importante porque somos poucos e está em causa a nossa capacidade de nos afirmarmos como região. Condição de partida? Respirar fundo e estarmos disponíveis para entrar num processo de aprendizagem colectiva. Regra: o trabalho em rede não tem donos.
E por isso, temos de combater as resistências que ainda existem, através de uma política de pequenos passos. As pessoas que acreditam nas potencialidades de trabalharmos em rede, têm de se manter firmes na convicção que a dialogar é que a gente se entende! Eu partilho da opinião dos que defendem que precisamos de construir uma cultura em rede porque há valores e princípios que estão muito interiorizados e que interferem com a nossa forma de pensar e de intervir.
A maior parte da vezes as redes são montadas em cima de uma lógica de puzzle, ou seja, os projectos são pensados e desenvolvidos a partir daquilo que é a vocação de cada organização. Há um somatório de respostas em cadeia, de acordo com os serviços prestados pelas organizações parceiras, mas que não passam disso mesmo, um somatório de respostas. Assim, a imagem de uma puzzle, em que cada parceiro representa uma peça, não se aplica à lógica da rede. O puzzle não é flexível, é uma estrutura limitada.
A força e a coesão de uma rede encontra-se precisamente nas suas conexões, nos "nós" da rede. As redes do desenvolvimento socioeconómico, são entidades vivas, com identidade própria, capazes de se expandirem e de integrarem novos nós, possuem flexibilidade para mudar e para se auto-organizarem. A evolução do trabalho em parceria para o trabalho em rede é uma responsabilidade e um desafio de universidades, empresas, organizações do Estado e do Terceiro Sector.
O trabalho em rede implica uma maior aproximação entre todos, assente numa relação de confiança, no respeito e colaboração contínua. O discurso sobre os ganhos do trabalho em parceria é uma aquisição do século XX, a prática da intervenção em rede é o desafio do desenvolvimento local e regional, no século XXI.
Sem comentários:
Enviar um comentário