Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

2012 Regresso ao Passado... Lendas e História de Portugal

Uma Cesta de Figos
Reza a lenda que nas imediações do castelo de Monforte, uma população desapareceu devido ao carácter do governador D. Afonso, príncipe e irmão de D. JoãoV. Um dia a população da aldeia recebeu a notícia da sua visita e os representantes do povo reuniram-se para deliberarem a maneira como o receberiam. A aldeia foi enfeitada e decidiram oferecer-lhe uma cesta de figos por serem muito doces e saborosos, afinal os produtos agrícolas escasseavam e o governador era tão rico que tudo lhes parecia ser pouco.

Mas o governador considerou o presente uma ofensa miserável. Assim, mandou os guradas prender o representante do povo que lhe ofereceu a cesta e atirarem-lhe com os figos à cara. A população assistiu atónita a tal ato e desagradada abandonou a aldeia durate a noite. No dia seguinte quando o governador D. Afonso acordou, muitos tinham atravessado a fronteira e já se encontravam bem longe.

Em 2012, muitos já abandonaram a sua aldeia. Uma das últimas a partir chama-se "Jerónimo Martins", a empresa é dona dos supermercados Pingo Doce e emprega 28.000 pessoas, e no início do ano deslocou a sua sede social para  a Holanda. Ainda hoje é dia 5 de Janeiro. Quantas mais se vão seguir? Se o governador D. Afonso cá voltasse talvez fosse mais imprudente. Afinal de pouco serve um governador que não tem quem governar.

A lenda de Trás-os Montes é uma advertência. O povo português não tolera tudo. Em tempos difíceis, como o ano que agora começa, é tempo de olhar para a história e aprender com o passado. Esta e outras lendas que marcam a nossa tradição oral, têm a particularidade de combinarem fatos históricos com episódios da imaginação humana, geralmente fornecem explicações plausíveis e até aceitáveis.

O presente é duro e o ano prevê-se pior. Isto sabemos. Por isso, temos de tentar prevenir decisões menos acertadas. Diz a lenda que o mesmo povo que se mobiliza para dar o que não tem, também é capaz de enfrentar o poder. Com tenacidade e imaginação, em 1488, dobrámos o Cabo das Tormentas. Enfrentámos o "Adamastor", as forças da natureza que em tempos indos ameaçavam a ruína dos que tentavam dobrar o Cabo. Penetramos o oceano Indico e descobrimos o caminho marítimo para a Índia.

O cabo das Tormentas passou a Cabo da Esperança. O espírito de sacrifício existe, mas é necessário que as pessoas confiem que existe uma rota e um destino qualquer a alcançar. Portugal precisa de novas soluções para promover o crescimento económico e o desenvolvimento de uma sociedade com passado e que ainda acredita ter futuro.

Pode ser útil relembrar memórias distantes. As nossas histórias podem ensinar muito a quem nos conduz pelos caminhos do desconhecido, reforçar a consciência de uns e estimular a criatividade de outros. Quem sabe se uns e outros encontram outros cenários para as aventuras do possível e do impossível. É este o dever de quem governa um Povo com séculos de História.

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