Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

TSU Transparência, Solidariedade e Urbanidade


Transparência, Solidariedade e Urbanidade (TSU)

 

 As pessoas exigem Transparência, Solidariedade e Urbanidade.

No dia 15 de setembro manifestaram-se contra o aumento brutal da Taxa Social Única (TSU), correspondendo na prática a uma quebra significativa dos salários, sem retorno evidente. As pessoas insurgiram-se contra uma má opção para atingir as metas previstas no memorando da Troika, uma opção injusta perante os sacríficos dos portugueses. É importante recordar que o memorando inicial era um compromisso nos objetivos, não nos meios.

No entanto, há outra TSU, aquela que congrega o capital de esperança de todos os que sabem que existem alternativas ao atual modelo económico e social. É fundamental que exista sensibilidade política para perceber e incorporar a taxa de esforço que os portugueses estão a fazer e o sentido das manifestações. Os portugueses não se conformam com a evolução da crise.

É necessário que as ações políticas decorram do diálogo com a realidade. As pessoas apelam a outra ética políticofinanceira, exigem maior transparência, solidariedade e urbanidade, ou seja, respeito pelo valor da dignidade do ser humano. Não é possível continuar a fazer "ouvidos de mercador", a desvalorizar tais exigências dos cidadãos.

Tenhamos audácia para romper com o cinismo europeu que, em boa verdade, desvaloriza o impacto da crise para as pessoas e que trata a crise por tu, fazendo-nos crer que é uma evolução natural de uma sociedade que apostou demais na garantia dos direitos sociais. A crise foi criada pelo sistema político-financeiro internacional, não era uma inevitabilidade. As pessoas já perceberam isso e que para ela há saídas. Assim, não aceitam resignar-se e, muito menos, carregar com a culpa da crise, nem em Portugal nem nos outros países do sul da Europa.

É interessante fazermos um pequeno exercício relativamente aos rendimentos dos portugueses. O salário médio ronda os 700 euros. Segundo dados disponíveis, em 2011: 33.902 pensionistas recebiam até 200 euros; 17.835 pensionistas entre 200 e 300 euros, e 40.084 pensionistas entre 300 e 500 euros. Perante estes dados, como é que têm vivido os pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações? Provavelmente com muitas dificuldades.

Com uma previsão de 16 por centro de desemprego para o final de 2012, com o salário mínimos abaixo dos 500 euros e com uma classe média com salários até 1.500 euros líquidos, como é que os portugueses vão responder a mais e mais austeridade? Depois dos cortes e impostos não terem produzido o efeito esperado será que as pessoas acreditam que vale a pena fazer mais sacrifícios?

Por tudo isso, os portugueses pedem maior sentido de justiça. Só uma verdadeira TSU - transparência, solidariedade e urbanidade - pode evitar convulsões sociais graves, produzir mudanças sustentáveis e garantir que as gerações futuras se continuam a identificar como as herdeiras de um Povo com uma história digna.  

 

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