Esta
etapa da nossa história corre o risco de ficar conhecida pela etapa zero ou a
geração zero dos direitos humanos.
Por
direitos humanos entendemos, entre outros, o direito à vida, à dignidade da
pessoa humana, à liberdade, à integridade e à igualdade. E correspondem a um
determinado processo histórico e evolutivo das sociedades e a um marco
civilizacional. Curiosamente em 1966 foi aprovado o Pacto Internacional dos
Direitos Económicos e Sociais que consagra o direito à Segurança Social, a
Salário Igual, o Direito à Educação, entre outros.
Apesar
do atual estado do nosso país, seria expetável que em 2012 não se cedesse no
respeito pelos direito humanos, mas as cedências são muitas e cada vez temos
mais pessoas fora da zona de proteção e de garantia. Há vozes que defendem que
devem ser atualizados face às condições do país, mas esses não são de cá, não
podem ser de cá, de outra forma não apontavam para o retrocesso de uma
civilização, de um povo.
Desde
o século XVIII já vamos na quarta geração de Direitos Humanos. Esta geração
assenta em pilares, como sejam a sociedade de informação, a genética, o
ambiente, o terrorismo, o desenvolvimento sustentado, etc. Todavia, se Portugal
continuar a atentar contra os direitos sociais vai atrasar bastante o relógio dos
direitos humanos e da democracia.
Por
isso, a polémica em torno da constitucionalidade de certas normas da Lei do Orçamento
de Estado para 2013, pelo segundo ano consecutivo, obriga-nos a refletir sobre
questões fundamentais. Se pensarmos que a Constituição da República é o
oxigénio da Democracia, é incompreensível que não seja respeitada num estado de
direito democrático.
A
Constituição da República Portuguesa também é o nosso chão, consagra os
direitos dos portugueses. No entanto, começa a faltar chão aos portugueses. Por
isso, é legitimo que coloquem a questão: Afinal para que serve a Constituição
da República? Com é que vamos educar os jovens para o respeito pelo estado de
direito democrático, ou seja, para o respeito pelas normas e regras da vida em
sociedade? Para o respeito pela justiça? Para o respeito pelo Outro?
A
Constituição diz que cabe ao Estado assegurar o ensino básico universal,
obrigatório e gratuito. No entanto, o governo colocou a hipótese de introduzir
propinas no ensino obrigatório, ao nível do secundário. Isto apesar do que está
consagrado na nossa Constituição, de Portugal ter um elevado nível de iliteracia,
de abandono e insucesso escolar, motivos do nosso atraso.
Isto
sabemos. É urgente parar. Este povo não consegue aguentar a pedalada contra
ventos e marés adversos e destinos que nem os timoneiros atuais conhecem. Estamos
a finalizar mais um ano e precisamos de alento e esperança. Temos de acreditar
que as coisas vão mudar, mas precisamos de sinais objetivos agora. É uma questão
de civilização e de respeito pelos Direitos Humanos.
Um
dia, esperemos que mais cedo do que tarde, vamos voltar a ser respeitados como
Povo.
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