Imigrantes no Alentejo
O governo dá com uma
mão e tira com a outra
Para se perceber
a importância do trabalho desenvolvido por estes centros, dou o exemplo do CLAI
assumido pela Cáritas Arquidiocesana de Évora que realizou 1.850 atendimentos,
em 2013, e 1.176 atendimentos só no primeiro semestre de 2014. A sua intervenção
é bastante abrangente: vai desde os apoios à legalização, ao reagrupamento
familiar das pessoas imigrantes, à mediação da relação das pessoas imigrantes com
as instituições portuguesas, tais como a Autoridade para as Condições do
Trabalho (ACT), a Segurança Social, o Tribunal de Trabalho, entidades
patronais, e os serviços públicos de saúde e educação (por exemplo, nos
processos de equivalência ou reconhecimento de diplomas). Deste trabalho
destaco a própria articulação, nas mais diversas situações, do CLAI com o
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Perante estes
dados e o excelente trabalho desenvolvido, ninguém compreende que esse CLAI tenha
terminado. Será que alguém acredita que o governo está verdadeiramente
preocupado em apoiar os 3.700 imigrantes que existem no distrito de Évora? No
entanto, a falta de apoio aos imigrantes é particularmente relevante para uma
região a braços com um significativo declínio populacional, como é o caso do
Alentejo. É sabido que a imigração é um fator importante para contrabalançar a
queda da natalidade num território e os dados disponíveis sobre a realidade
portuguesa são um bom exemplo disso: em 2012, 9,8% de crianças nascidas são
filhas de imigrantes.
Assim, o
Alentejo sai claramente a perder, com a incoerência destas decisões.
Termino com
palavras de incentivo ao funcionários do SEF, de solidariedade para com a
Cáritas Arquidiocesana de Évora e para com todas as outras organizações que assumiram
a resposta CLAI no Alentejo, e de esperança às pessoas imigrantes que veem
terminar este apoio.
O Alentejo não é uma verdadeira ilha
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