Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

IMIGRANTES NO ALENTEJO



Imigrantes no Alentejo

O governo dá com uma mão e tira com a outra

 Há coisas absolutamente incompreensíveis e que só se justificam pela falta de visão estratégica do governo para o Alentejo. O mesmo governo que agora vem anunciar que o novo espaço da delegação de Évora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) resulta da aposta que tem vindo a fazer na melhoria do atendimento, é o mesmo que fechou todos os Centros de Apoio aos Imigrantes no Alentejo (CLAI).  Isto significa exatamente o quê?  Significa que este ano foram extintos todos os serviços que prestavam apoio ao acolhimento e inclusão das pessoas imigrantes na nossa região, respetivamente, em Évora, Estremoz, Beja, Moura e Portalegre. A falta de apoio aos CLAI traduz um desinvestimento nas políticas de promoção da coesão social e no desenvolvimento do interior.
Para se perceber a importância do trabalho desenvolvido por estes centros, dou o exemplo do CLAI assumido pela Cáritas Arquidiocesana de Évora que realizou 1.850 atendimentos, em 2013, e 1.176 atendimentos só no primeiro semestre de 2014. A sua intervenção é bastante abrangente: vai desde os apoios à legalização, ao reagrupamento familiar das pessoas imigrantes, à mediação da relação das pessoas imigrantes com as instituições portuguesas, tais como a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), a Segurança Social, o Tribunal de Trabalho, entidades patronais, e os serviços públicos de saúde e educação (por exemplo, nos processos de equivalência ou reconhecimento de diplomas). Deste trabalho destaco a própria articulação, nas mais diversas situações, do CLAI com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Perante estes dados e o excelente trabalho desenvolvido, ninguém compreende que esse CLAI tenha terminado. Será que alguém acredita que o governo está verdadeiramente preocupado em apoiar os 3.700 imigrantes que existem no distrito de Évora? No entanto, a falta de apoio aos imigrantes é particularmente relevante para uma região a braços com um significativo declínio populacional, como é o caso do Alentejo. É sabido que a imigração é um fator importante para contrabalançar a queda da natalidade num território e os dados disponíveis sobre a realidade portuguesa são um bom exemplo disso: em 2012, 9,8% de crianças nascidas são filhas de imigrantes.
Assim, o Alentejo sai claramente a perder, com a incoerência destas decisões.
Termino com palavras de incentivo ao funcionários do SEF, de solidariedade para com a Cáritas Arquidiocesana de Évora e para com todas as outras organizações que assumiram a resposta CLAI no Alentejo, e de esperança às pessoas imigrantes que veem terminar este apoio.
 
 
                                                                  O Alentejo não é uma verdadeira ilha

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