in Jornal Diário do Sul, março.
Pela Paz Social
A paz que advém de vivermos em
sociedades com certa segurança, de circularmos à luz do dia sem olharmos para a
nossa sombra é uma sensação ímpar. É este estado de tranquilidade em que
vivemos que os ataques terroristas na Europa pretendem ameaçar, criando um
clima de profunda incerteza e insegurança. Por isso, o contraponto a esta
realidade exige lideranças políticas e religiosas ímpares, que travem esta
deriva politica criminosa. Isto sabemos.
O que nos falta saber é se está a ser
feito tudo o que é possível. Acreditemos que sim. Aliás, tem sido fantástica a
coragem e a serenidade com que os povos europeus têm reagido. Esta será por
ventura uma das melhores lições que podemos dar aos terroristas: a nossa luta é
mais forte, nós vamos vencer. Todavia, é inevitável que nos interroguemos sobre
algumas coisas e que venhamos a reforçar certas ideias.
Como é possível os terroristas terem
uma “base” de recrutamento entre os jovens europeus?
Falamos de jovens pobres que vivem em
situação de exclusão social, mas não só, temos notícia de conseguirem aliciar
jovens de todos os estratos socio económicos. Perante isto, todos percebemos a
importância de investirmos na construção de comunidades saudáveis! De
apostarmos na coesão social, em cidades amigas dos cidadãos de todas as idades.
Falamos da necessidade de existirem espaços e dinâmicas que fomentem o
bem-estar das pessoas, que quebrem o isolamento social. A mão invisível das
organizações sociais tem aqui um papel fundamental.
Não podemos deixar de nos interrogar
sobre o que leva um jovem a aderir a movimentos fanáticos extremistas, mas
também sabemos que o isolamento em que vivem muitos deles, mergulhados nas
redes sociais, mas longe da vida real, é um fator de risco. É nestes momentos
que percebemos a importância de existirem políticas sociais e de educação com
uma perspetiva inclusiva; de olharmos a sério para aquilo que nos rodeia e de
sermos proactivos, ou seja, de tecermos a teia da prevenção dos problemas
sociais. De nos interpelarmos sobre o nosso próprio, ainda que modesto,
contributo.
Será que não devia existir uma
condenação pública mais veemente da violência cometida por essa gente?
No tempo que decorreu entre os
atentados de Paris e de Bruxelas, não assistimos a uma campanha intensiva
contra estes movimentos, pelo contrário, a Europa parece ter ficado meio
anestesiada. Temos conhecimento da ação das polícias e sabemos que a condenação
política é inequívoca, mas é pouco mediatizada. É importante que existam
campanhas de dissuasão, sobretudo dos mais jovens, em relação a movimentos que sob
o véu do idealismo, da defesa de “causas”, escondem a carnificina humana, a
barbárie. É conhecida a forma como atentam contra os direitos humanos das
mulheres e das crianças, nas suas comunidades.
Os líderes
políticos e religioso podem ser mais enérgicos. A comunicação social tem um
papel fundamental. Os jovens têm de saber quem realmente são esses movimentos
terroristas e, principalmente, têm de ter um contraponto, de lhes serem
apresentados outros valores, de serem enaltecidos, nas palavras e nos atos,
outros modelos. Esses grupos “oferecem” identidade, sentido de pertença. A nós
cabe-nos a responsabilidade de desmobilizar os nossos jovens, de lhes
apresentar uma outra realidade, de os fazer sonhar com um mundo melhor.
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