Crónica de janeiro in Jornal Diário do Sul
Nós, o Presidente e o
que aí vem
Marcelo Rebelo de Sousa é agora o
Presidente de todos os portugueses e as expetativas são grandes. Convenhamos
que, à partida, suscita dúvidas a uma parte significativa do povo português que
está curioso em relação à forma como o Presidente vai passar das palavras aos
atos.
No seu discurso de vitória,
manifestou a intenção de fomentar a
unidade nacional e promover as
convergências políticas. Uma ideia forte num tempo em que a política se faz
no Parlamento, sustentada nos compromissos dos partidos de esquerda. A situação
do País requer muita moderação, diria que, é mesmo, um dos principais desafios
do futuro. E aqui a intervenção do Presidente fará a diferença.
A sua fasquia contínua alta ao
propor-se conciliar a justiça social com
o crescimento económico e a estabilidade financeira. A concretização deste
ideal é uma trave mestra do nosso desenvolvimento. Recordamos na nossa memória
o agravamento das desigualdades sociais provocado pelo governo da direita e não
esquecemos que de pouco serviu o esforço hercúleo pedido aos portugueses com
vista à consolidação das contas públicas. Presidente e Primeiro-ministro passam
a estar lado a lado na defesa deste ideal. Estamos expectantes em relação à
atuação do Presidente.
Dadas as boas-vindas ao Presidente,
fica ainda a preocupação com a sua resposta aos momentos-chave, aqueles em que
a sua convicção pessoal entrar em conflito com o sentir dos portugueses ou que
as imposições dos tecnocratas de Bruxelas se distanciarem dos ideais do País. Até
onde irá a sua determinação e intenção de fomentar
a coesão social? Espera-se que vá longe.
Os tempos em que há melhor resposta
aos desafios são de congregação de esforços, em lugar de lutas fratricidas. Os
tempos que aí vêm são difíceis, apelam à inteligência e ao melhor dos homens e
das mulheres. Será que os ideais do Presidente vão resistir ao teste da
realidade? O País espera que sim. Para trás fica uma Presidência da República a
preto e branco. Da Presidência de Marcelo Rebelo de Sousa espera-se que exerça
uma magistratura de influência policromada, fomentando consensos que dêem cor à
vida dos portugueses.
Sem comentários:
Enviar um comentário