O Estado Social Salva
Vidas Humanas
Afinal para que serve o Estado Social?
Para proteger os cidadãos, contribuir para o bem-estar e coesão social. O Estado
Social serve para salvar vidas como a de David e das outras 4 pessoas que terão
morrido (desde abril de 2014) porque a equipa de neurocirurgia vascular não operava
ao fim de semana, no Hospital S. José, na sequência dos cortes impostos na
saúde. O mais dramático é que se tratou de uma opção política de quem defende
um Estado Social mínimo.
Não é uma verdade inquestionável,
como a direita quer fazer crer, que o Estado
Social como nós o conhecemos tenha os dias contados porque o mundo também mudou,
como se fosse uma coisa passadista. No limite, todos necessitamos dos cuidados
de saúde públicos. A mortalidade infantil foi combatida de forma eficiente
porque se gastou mais nas políticas públicas e se investiu em diversas frentes.
Hoje ninguém coloca em causa essa decisão. Como é que um país como Portugal,
onde o salário médio ronda os 800 euros, pode prescindir de respostas públicas
de qualidade?
Em boa verdade só o Estado Social defende um
bom Serviço Nacional de Saúde, uma educação pública de qualidade ou um sistema
de segurança social fiável. O contrário do investimento no Estado Social é a
morte de vidas humanas; o agravamento das desigualdades; o aumento do abandono
e do insucesso escolar; a ausência de resposta na doença; a desproteção
absoluta das crianças e jovens sem uma rede familiar que as apoie; o aumento da
pobreza, nomeadamente nos idosos; a desproteção na doença, no desemprego e na
reforma, etc.
Se passarmos a ter uma educação e uma
saúde muito piores, vamos ter um país mais desigual e vai refletir-se
negativamente na nossa economia porque a questão das qualificações dos jovens e
dos adultos é uma pedra de toque para o aumento do PIB e para o nosso
crescimento, tal como o nível de saúde da população. Assim, não é aceitável a
tese de que é inevitável o desmantelamento do Estado Social em Portugal e nos
outros países europeus. Na senda do que defendem muitos economistas, a questão
magna do financiamento do nosso Estado Social passará por reformas internas e,
sobretudo, por mudanças na política económica europeia.
Não se trata de demagogia. A vida do
David era real. A nossa vida, das pessoas da nossa família e dos nossos amigos,
também é real. Por isso, o Estado Social é uma trave mestra da arquitetura
deste país, do futuro do povo português. A defesa do modelo social europeu é
uma aposta no desenvolvimento, na coesão social e na paz. É para isto que serve
o Estado Social. Estamos certos que o Governo do Partido Socialista tudo irá
fazer para o defender.
Dezembro de 2015, jornal Diário do
Sul.
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