De onde vimos e para
onde vamos
De onde vimos?
De um tempo em que os portugueses apresentam uma taxa de felicidade mais baixa
(69,2%) do que a média europeia (86,2%), com a Finlândia e a Dinamarca a
apresentarem uma taxa de felicidade mais elevada.
Vimos de 2014
com 10.374.822 portugueses, que representa o maior decréscimo da população
residente, em Portugal, desde 2008, decorrente do forte surto migratório que
conhecemos nos últimos anos. No mesmo ano, o número médio de crianças nascidas
por mulher em idade fértil (15 - 49 anos de idade) era de 1,23 (valor abaixo do
índice de renovação geracional que é estimado em 2,1). Retratos objetivos de um
país sem ânimo, de um povo exausto.
A emigração dos
mais jovens e o decréscimo do número de nascimentos nas mulheres residentes
representa um país sem sentido de futuro, sem pessoas. Afastar-se da herança
deixada e inverter esta tendência, é um dos grandes desafios do Governo do Partido
Socialista. Para se perceber melhor de onde vimos, é importante olharmos para dados que constam do relatório A Saúde dos Portugueses. Perspetiva 2015, da Direcção-Geral da
Saúde (DGS), que traça o perfil da saúde dos cidadãos residentes no território
nacional.
Esse relatório apresenta os resultados de um estudo
realizado em 2013 pela Organização Mundial de Saúde, em mais de 30 países, onde
Portugal apresenta, em termos de prevalência anual de problemas de saúde mental:
a terceira taxa mais elevada (23%) de perturbações do foro psiquiátrico,
depois dos EUA (26%) e da República da Irlanda (23%); o valor mais expressivo
de perturbações de ansiedade (17%), e uma grave incidência das perturbações
depressivas.
É este povo,
gente anónima marcada pelo desemprego e pelo empobrecimento, que agora precisa
de ver sinais de mudança. Como? Com políticas e medidas concretas. Perante esses
resultados, o estudo evidencia, por exemplo, a clara necessidade de aprofundar
a articulação das equipas comunitárias de saúde mental com os cuidados de saúde
primários, como definido na Lei de Saúde Mental e no respetivo Plano Nacional,
e que tarda em sair do papel. Portugal necessita de avançar com esta proposta,
tal como precisa de voltar a repor a estratégia para os cuidados continuados de
saúde mental que o anterior governo oportunamente subverteu.
O equilíbrio das
finanças públicas é fundamental para a saúde do país, mas o bem estar dos portugueses
também passa por outras políticas e, muito concretamente, pelas políticas
sociais. Só sociedades que estimem as pessoas constroem países fortes. É para
este desafio que os governos estão convocados.
Para onde vamos?
Para um Governo Socialista que olha para a função de proteção dos cidadãos mais
vulneráveis como uma prioridade, que se propõe apostar em medidas de
proximidade focalizadas nas pessoas porque Portugal merece um povo mais feliz.
Este texto foi publicado em novembro 2015, no jornal “Diário do Sul”
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