Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Novas Respostas às Dependências




O combate às dependências desenvolvido pelo Centro de Respostas Integradas (CRI), de Évora, do Instituto da Droga e Toxicodependência,
está com um novo impulso. O CRI, com novas instalações construídas de raiz, sitas no Bairro das Corunheiras, está mais adaptado para responder às novas necessidades e dinâmicas das toxicodependências, de que dou boa nota de três das suas características:

1. Respostas mais integradas, beneficiando do facto dos serviços de prevenção e de tratamento e reinserção, tradicionalmente situados em diferentes espaços, estarem alojados no mesmo edifício, o que facilita a articulação e o planeamento das intervenções.

2. Maior proximidade, devido ao investimento na ligação ao nosso sistema de ensino, às organizações da sociedade civil e à comunidade em geral, por exemplo, com a criação de uma resposta multidisciplinar dirigida a consumos problemáticos e comportamentos de risco entre os adolescentes, a formação de mediadores para abordarem os jovens no seu meio natural de vida, respectivamente nas escolas, na universidade, e nos espaços de diversão nocturna.

3. Maior envolvimento da comunidade, a começar na criação de um espaço no próprio CRI destinado à participação da comunidade e expressa na aposta na inclusão de jovens, família e professores, cidadãos e organizações da comunidade, nos programas de prevenção, através da sua capacitação para assumirem um papel activo, constituindo-se como agentes do sistema de prevenção das toxicodependências e não como simples destinatários de acções pontuais.

O tratamento dos consumidores das drogas de síntese (ecstasy, LSD, etc.), consumidas sobretudo em contextos recreativos e de diversão nocturna, passa sobretudo pela redução dos danos e pela diminuição dos riscos. Os problemas que lhe estão associados não têm sido muito sentido em termos terapêuticos, dado que não provocam dependência física e não têm uma resposta de “tratamento” dentro da lógica instituída nas respostas terapêuticas convencionais. Os danos são sobretudo neurológicos e psiquiátricos graves. A prevenção representa a medida convictamente mais eficiente de enfrentar o problema.

A intervenção está a ser assumida a partir de uma base de estudos e conhecimento prévio e profundo do ambiente que envolve o fenómeno no nosso distrito. Desta forma a prevenção será cada vez mais eficaz e os nossos jovens estarão cada vez mais alertados para os perigos da iniciação às drogas respectivamente, às novas drogas que de forma quase invisível provocam danos irreparáveis.

As mudanças nos fenómenos associados aos consumos, para além das questões de mercado, prendem-se também com mudanças sócio-culturais que envolvem as comunidades, pelo que, o seu combate está confrontado com constantes desafios. Do que temos oportunidade de observar no terreno, no distrito de Évora, a actual política está na rota certa.

No entanto, o verdadeiro combate faz-se no momento em cada pessoa e muito particularmente os jovens têm a coragem de dizer: “Não à droga”! O facto de não falarmos no problema, não significa que ele não exista.
Jornal "Diário do Sul" 20 de Maio 2008

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