Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Afinal, como é que está a igualdade dos Homens e das Mulheres?

OPINIÃO



No final da semana passada realizou-se na Fundação Calouste Gulbenkian mais um Congresso Feminista. Em pleno século XXI continuamos a debater a desigualdade entre homens e mulheres e o movimento feminista continua a ter um papel importante enquanto “mecanismo de alerta permanente” para esta questão. Na realidade a direitos iguais correspondem práticas diferentes e ainda há esferas da vida em sociedade onde a participação feminina não é entendida como um benefício e um contributo para uma sociedade mais justa e mais desenvolvida.

A nível cultural continuam a subsistir inúmeros preconceitos que interferem com o quotidiano das mulheres, sobretudo nos meios mais pequenos onde há maior controlo social. Na realidade alteraram-se os comportamentos que são criticados mas mantém-se os estereótipos e a censura social em relação a diversas atitudes e comportamentos femininos.
Na década de 70 criticava-se a mulher que frequentava cafés ou que fumava, hoje em dia levantam-se as maiores suspeições a uma mulher que frequente sozinha um bar nocturno, comportamento perfeitamente aceite nos homens. Em pleno século XXI este exemplo absolutamente banal reproduz-se nas situações mais diversas.

A sociedade continua a ter dificuldade em conviver com comportamentos que indiciem um sinal de aprofundamento da emancipação feminina. É interessante ouvir os homens, na sua qualidade de jovens pais, falar sobre a educação das suas filhas e perceber a semelhança com o discurso dos seus pais que outrora criticaram. Apenas uma visão diferente do respeito pela capacidade e pelo direito da mulher a decidir sobre si própria pode devolver às mulheres o direito à sua afirmação plena numa sociedade com fortes traços de cultura patriarcal.

A questão principal consiste em saber que contributo podem dar as mulheres. Todos nos damos conta das mudanças ocorridas nos papéis tradicionais mas culturalmente as diferenças entre homens e mulheres traduzem-se em formas diferentes de pensar e fazer as coisas. Ainda que possa ser “politicamente incorrecto” admiti-lo. É desta diferença que se faz a sociedade.

No entanto, a presunção que homens e mulheres se encontram em perpétuo conflito não ajuda muito a ultrapassar barreiras estruturais e a encontrar respostas que melhor respondam às necessidades de cada um e que promovam a efectivação dos seus direitos, o direito a realizarem-se na vida familiar, no trabalho e na vida pública e política. Trata-se afinal da cidadania plena!

É essencial realizar-se o “Congresso para o Diálogo entre Homens e Mulheres”, entendido como uma plataforma para o debate sobre questões como a organização do tempo e o exercício do poder nas várias esferas da vida.
Jornal "Diário do Sul" 2 de Julho

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