Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

EMIGRANTES COMO NÓS



Nos últimos tempos tenho acompanhado com preocupação as notícias da comunicação social que insistem em fazer associar a criminalidade e outro tipo de problemas sociais à população imigrante. Nos momentos de maior dificuldade os imigrantes são alvos fáceis, transformados em bodes expiatórios como se fossem o centro dos problemas.

A história de passarmos a vida a ver de quem é a culpa não ajuda nada, normalmente é dos mais frágeis, dos que estão em minoria. No nosso país existem aproximadamente 400.000 imigrantes legais, representam cerca de 0,5 por cento da população.

Na Convenção Anual do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, que se realizou este fim-de-semana em Évora, o Ministro da Presidência Pedro Silva Pereira veio precisamente chamar a atenção para a importância dos imigrantes na sociedade portuguesa e de não sermos tolerantes com atitudes discriminatórias.

Assim, quero deixar algumas notas que podem ajudar a compreender melhor a questão da imigração:
1. Os imigrantes dão um contributo positivo para o nosso desenvolvimento social e económico e são fundamentais para o crescimento da Europa e de Portugal, contrariando a tendência acentuada para o declínio da população. Esta tese dita e redita, foi mais uma vez defendida no III Congresso Português de Demografia, realizado no final de Setembro, em Lisboa.
2. Nenhum estudo demonstra qualquer associação entre a imigração e os problemas sociais da nossa sociedade, segundo um comunicado recente da Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural.
3. Não existe nenhuma relação entre a imigração e a recente onda de criminalidade, os crimes praticados por estrangeiros são casos isolados, como sustenta o Director-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), clarificando informações menos precisas sobre esta matéria.
4. A delinquência juvenil tem vindo a descer desde 2001. Este ano diminuiu 3,2 por cento em relação a 2007, segundo a Coordenadora Nacional do Programa Escolhas dirigido à inclusão de jovens de contextos socio-económicos mais desfavorecidos. É um dado importante para contrariar a ideia de que a imigração está a fomentar a delinquência, além de não existir uma relação causal entre as duas coisas.

A inclusão dos imigrantes deve ser orientada por uma política amiga, o que implica políticas bem programadas, com uma execução rigorosa e o necessário controlo. As polícias estão a fazer o que têm de fazer, actuando de forma imprevisível, em acções de rotina por todo o país, para detecção de situações irregulares.

Termino com um sentimento de profunda esperança na sociedade portuguesa que sempre tem recusado dar espaço aos extremismos e à xenofobia. Os portugueses sempre souberam o valor de ser emigrante por isso compreendem que outros procurem em Portugal melhores condições de vida do que aquelas que tinham nos países de origem. A coragem dos nossos migrantes (imigrantes e emigrantes), a força de quererem dar um novo sentido à sua vida, merece o respeito de quem os acolhe.
In Jornal "Diário do Sul"




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