Este ano tive oportunidade de participar em mais uma Festa dos Povos, promovida pela Arquidiocese e pela Cáritas Diocesana de Évora, que pretende congregar os imigrantes e celebrar o encontro de culturas. Todos os anos tenho a mesma sensação de surpresa e de paz.
É nestas ocasiões que temos a noção da diversidade das comunidades imigradas no Alentejo e de como gradualmente podem mudar a face do território regional, apesar da sua presença ainda ser relativamente escassa, se compararmos com a área metropolitana de Lisboa ou com o Algarve. A forma pacífica e, diria mesmo discreta, como se têm integrado, faz com que o tempo passe por esta realidade sem nos darmos conta do que pode significar.
A Festa dos Povos é uma oportunidade para reflectirmos naquilo que representa a imigração para uma região como a nossa. A verdade é que este fenómeno acompanha as dinâmicas de modernização e oportunidades de emprego das regiões e das cidades.
Neste contexto, importa perceber qual é o papel da política de atracção de imigrantes, tendo em vista a revitalização demográfica e económica da região. Quanto à questão demográfica, sabemos que o impacto da imigração na manutenção da população activa é de curto prazo. Por um lado, embora as taxas de fecundidade das mulheres imigrantes sejam superiores, a médio prazo tendem a tornar-se convergentes com as das mulheres nativas. Por outro lado, os imigrantes também envelhecem. No entanto, não deixa de ser uma oportunidade de fixar população e de reforçar a nossa massa critica. A Universidade de Évora, é um bom exemplo de que temos potencial para atrair imigrantes muito qualificados, docentes e mesmo alunos já graduados, e da sua importância para afirmação da região.
Em relação à revitalização económica, a imigração é reconhecidamente um motor de desenvolvimento económico e social, que deve ser alvo de uma atenção particular e ter por base uma gestão eficiente e pró-activa no quadro do território regional. A capacidade empreendedora dos imigrantes, associada a uma mão de obra qualificada e à capacidade de inovação de quem conhece outras formas de fazer as coisas, podem potenciar a dinâmica da economia local e regional. As novas técnicas agrícolas que estão a desenvolver na agricultura no Alentejo Litoral, são um exemplo disso.
Promover a participação da população imigrante, pessoas com diferentes características culturais, significa também inventariar novas necessidades e a procura de outros serviços, comércio e equipamentos sociais. Aqui, é fundamental criar mecanismos facilitadores da aprendizagem do português.
Assim, será que na perspectiva da coesão e do desenvolvimento regional, não devíamos aprofundar mais a reflexão sobre o papel da imigração no Alentejo? No fundo, inscrever a temática da imigração na agenda do desenvolvimento da região Alentejo.
A festa dos povos é também uma oportunidade de criar laços de pertença na população imigrante e de celebrarmos a tolerância e o diálogo intercultural.
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