Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Resistência Feminina na ditadura

"Aurora" Nome da Resistência Feminina



Aurora é tudo menos uma mulher comum.

Aurora é uma mulher do Alentejo. Aos 21anos, estudante de Direito e militante do MRPP, era uma jovem humilde, de fibra e carácter. Mais de trinta e cinco anos depois, a história da luta contra a ditadura escreve-se no feminino. E, mais uma vez, a coragem de Aurora leva-a a dar visibilidade ao papel das mulheres numa luta que tem estado demasiado associada à resistência dos homens.

Aurora Rodrigues em "Gente Comum, uma história da PIDE" escreve: Não resisti em nome de nenhum partido. Era mais do que isso. Era uma força que me vinha de querer mudar o mundo, de que não tinham o direito de me prenderem e de me torturarem. Na primeira pessoa dá a conhecer episódios tristes da história de um País. Um livro que todos devemos ler. Uma história de luta pelos Direitos Humanos.

No passado dia 2 de Fevereiro, na prisão de Caxias, onde esteve presa em 1973 e 1975, foi apresentado o livro numa sala apinhada de gente, que contou com as presenças de José Lamego, João Soares, Fernando Rosas, Teresa Fería e tantos outros contemporâneos de Aurora Rodrigues. Nas palavras de Aurora percebemos a capacidade de luta e o sofrimento de muitas mulheres, durante anos.

Foi uma coisa tão horrível, tão horrível, porque foi um espancamento a sério. Não há espancamentos a brincar, mas este foi sistemático. Não sei quanto tempo é que ele bateu. Ele batia com cassetete e com joelhada (...) Não fiz nada e ia dizendo para dentro, nem sei se disse alto, mas para mim dizia: "isto vai acabar. Isto vai acabar" (...) Deu-me muita pancada. (...) Ia acabar e acabou.

Através do seu depoimento percebemos bem os limites da ditadura e o significados de violação dos Direitos Humanos. Aurora Rodrigues reescreve, com a mesma coragem com que suportou a tortura, acontecimentos como: Há uma coisa que nunca contei, porque é das que mais me afligiu. (...) O lavatório não dava para meter a cabeça completamente, metiam-me a cara, empurravam para baixo e eu ficava a sufocar.

A Aurora Rodrigues agradeço o legado que ajudou a construir, com sofrimento e um forte sentido de Democracia e Liberdade. Aurora representa a força interior que, de algum modo, todos temos. É esta coragem para enfrentar as adversidades da vida que os jovens têm de descobrir e empenharem-se na construção de um mundo mais justo e melhor para todos.

Leia-se essa força nas palavras de Aurora: Há uma coisa que fui forçada a viver, mas que me deu a consciência da força e do poder que efectivamente temos em todas as circunstancias. Podemos resistir... Esta é a convicção e o testemunho de uma cidadã anónima que decidiu lutar pelas coisas em que acreditava.

Para os jovens de hoje, ficam as palavras que lhe ouvi mais do que uma vez: Não digam aos jovens para não terem esperança, o futuro será aquilo que eles quiserem. Os jovens não só têm de ter esperança, como a capacidade de lutar por aquilo em que acreditam. O futuro pertence-lhes.


 
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Visão exurbitante neste blogue, visões como aqui vemos destacam a quem quer que visitar neste sítio !!!
Escreve maior quantidade deste web site, a todos os teus cybernautas.