Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Politicas para crianças e jovens


Os Jovens Precisam de Sonhar

As árvores precisam de ser regadas para crescerem.

Assim, os jovens precisam de sonhar. Longe das ilusões da infância, continuam a ter necessidade de acreditar em coisas. O sonho é acima de tudo um sinal de vitalidade, uma forma de darem sentido à vida presente e de se projetarem no futuro. Por isso, é tão importante não lhes retirarmos  a capacidade de sonhar.

A sua atual participação na sociedade está intimamente associada a essa sua capacidade e todos devíamos estar conscientes disto. Quando um jovem diz: nos dias de hoje já não se trata de ter sonhos, mas de ter medo de sonhar, devia ser decretado o estado de emergência.  Quando a política esmaga o sonho, os jovens começam a definhar, perdem-se num presente sofrido e no vazio de um futuro incerto. 

É perturbador perceber que os jovens estão tão descrentes, ver a falta de brilho no seu olhar, ouvi-los dizer que sentem que ter filhos é um ato egoísta porque os tempos são incertos e o futuro não se perspetiva melhor. Num país em que a taxa de natalidade é baixíssima, talvez fosse interessante repensar estas questões com mais criatividade e empenho do que é comum, em matéria de políticas para  a infância e juventude.

Este é um desafio para um Governo comprometido com as novas gerações, com ambição e ousadia de governar para a sustentabilidade da sociedade, um governo constituído por políticos com capacidade de sonhar e fazer os outros acreditar.  A crise atual é uma oportunidade de refundar algumas coisas, a começar na forma passadista como se olha para determinadas áreas das políticas públicas, nomeadamente nas áreas sociais e particularmente, nessas matérias.

Nos tempos que correm, seria interessante termos políticos com audácia e determinação para criarem o Ministério da Infância e Juventude ou, partindo do que já existe, colocar a Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco na dependência direta do Primeiro Ministro, com competências mais abrangentes, reforçadas e transversais aos diversos Ministérios e Secretarias de Estado.

As capacidades criativas, de inovação ou de empreendedorismo de um jovem de 13 ou de 30 anos, estão associadas à sua trajetória familiar e também àquilo que as políticas públicas e o meio forem capazes de  estimular em cada fase da vida. A vitalidade de um país pode perder-se pela forma negligente como  o Estado cuida das suas crianças e jovens. 

Os responsáveis pela governação deviam levar estas questões a sério, tratá-las como assunto de Estado porque as crianças e os jovens estão para os países como as sementes estão para as árvores. E em Portugal, a questão está a ficar particularmente preocupante. Os jovens sentem que os ventos que sopram abalam as suas frágeis raízes e levam as sementas do sonho. 

A esperança dos jovens, exige uma política orientada por uma forte ética cognitiva e afetiva.  Este é outro dos grandes desafios dos tempos que correm.

                                                                      
                                         Sonhos Semente

                                                            Na sua pequenez, cada semente contém
                                                           O espírito da árvore que será depois.
                                                           Cada semente sabe como

                                                            transformar-se em árvore, caindo em terra fértil,
                                                                 absorvendo os sucos que a alimentam,

                                                           expandido as ramas e a folhagem,
                                                           enchendo-se de flores e de frutos,
                                                            para poderem dar o que têm que dar.

                                                            (...) E tantas são as sementes
                                                                  como são os sonhos secretos (...)

                                                                                              Jorge Bucay

                                                                      

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