Mal-me-quer, Bem-me-quer
Estado Social "muito, pouco, ou nada"
As pessoas têm de viver, independentemente dos poderes e dos governos. Um
estudo recente diz que em 2030 podemos ficar abaixo dos 10.milhões de
habitantes e em 2050 abaixo dos 8 milhões. Isto significa uma coisa: os que semeiam ventos não são os mesmos que
colhem tempestades, as vítimas são pessoas inocentes que não têm
perspetivas de futuro.
Há outro caminho? Talvez. Todos sabemos que as expectativas sobre o
futuro se constroem no presente. Como? Se nos preocuparmos com o bem-estar das
pessoas. É por isso que precisamos de redistribuir o dinheiro que as pessoas
pagam em impostos para cofinanciar serviços públicos que satisfaçam as suas necessidades
nas áreas da saúde, da educação e da segurança social.
Isso implica escolhas. É uma questão civilizacional. Imaginemo-nos a
viver, neste preciso momento, num país onde as pessoas não tinham proteção no
desemprego, em que não existia um rendimento (rendimento social de inserção)
para garantir uma proteção mínima àqueles que deixaram de ter direito ao subsídio
de desemprego.
Não admira que se considere o Estado Social como a trave mestra de uma
sociedade que quer bem às pessoas. Aqueles que teimam em construir um Estado
Social reduzido ao mínimo, correm o risco de expor as comunidades à violência
ou, em alternativa, à ditadura. A razão está do lado daqueles que investem num
Estado que apoia os cidadãos no risco e na doença, que os defende da
ignorância.
Um esclarecimento: aqueles que defendem o Estado Social são os mesmos que
defendem a economia. Os que o defendem, sabem que há margem para mudar o atual modelo
de desenvolvimento e avançar para um que seja mais equilibrado do ponto de
vista económico-social. O Estado Social é o rosto de uma economia justa.
O Estado Social não é uma coisa que vem depois de uma economia forte
porque há potências mundiais que nunca apostaram numa justa redistribuição de
riqueza. As alternativas estão estudadas. Há medidas concretas para salvar a
União Europeia, Portugal e as pessoas.
Quando a Professora Maria João Rodrigues apresenta medidas para uma nova
política financeira e orçamental na União Europeia, está a apontar novos
caminhos. É difícil aceitar que, numa crise económica e financeira que abalou
as economias mais frágeis da União, uns países se financiem a taxas de juro
negativas e outros países, como Portugal, paguem juros altíssimos pelos
empréstimos que precisam de contrair.
Quando economistas e empresários dizem que é necessário criar contexto
para o investimento em Portugal e que tal implica uma política fiscal estável,
uma justiça ágil e eficaz, e a aposta sustentada em setores chave para a nossa
competitividade, estão a fazer o quê? A indicar uma estratégia. As coisas não
podem andar sempre a mudar.
Moral da história? Não há. A vida é feita de escolhas. Estamos numa
bifurcação: ou seguimos a sinalética que aponta “Mal-Me-Quer ao Estado Social”
ou pela indicação ”Bem-Me-Quer ao Estado Social”.
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