Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Outras políticas para Portugal


Portugal precisa de um balão de oxigénio




      Porque eu amo infinitamente o finito,
     Porque eu desejo impossivelmente o possível,
     Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
     Ou até se não puder ser...


                                Álvaro de Campos





 Se Fernando Pessoa, no seu heterónimo Alvaro de Campos, fosse o mentor deste governo, o primeiro ministro estaria a lutar tenazmente pela defesa da sociedade portuguesa, por todos e por cada um dos portugueses. Mas Fernando Pessoa não inspira as decisões dos nossos governantes, pelo menos, é esta a convicção generalizada da sociedade portuguesa. Há milhares de pessoas e muitas organizações que estão apenas a sobreviver.

Se os cortes na classe média são uma sangria necessária para salvar Portugal, então estamos feitos, vamos acabar por implodir. É a justiça social e coesão social que estão postas em causa. Diz o bom senso que num país onde há reformas de mais de 75 mil euros por mês e outras de 400 euros, os cortes nas pensões e nos salários da classe média só podem dar mau resultado. Os extremos vão aprofundar-se. As crianças, os jovens, os mais idosos e os desempregados estão no fim da linha.

Se o pensamento do economista Silva Lopes e de outros economistas fosse lido e relido, quem nos governa já tinha aprendido que a receita de cortar nas despesas ou aumentar os impostos provoca recessão e, por consequência, mais desemprego. Pelos vistos, só os economistas ultraconservadores é que acreditam que a confiança e o investimento nos mercados resulta dos cortes na despesa e de baixar o défice para valores incomportáveis para economias frágeis.

Se agora produzimos menos do que quando começou a crise, se continuamos com uma despesa elevada e pagamos mais juros ao estrangeiro das dívidas que acumulámos, estamos num ciclo vicioso. Este ciclo tem de ser interrompido. Se a aposta na produtividade e nas exportações são a fonte do nosso rejuvenescimento, então a política da Troika, da União Europeia e da Alemanha devia ser diferente. Definitivamente, as opções liberais deste governo e de quem o inspira não servem à sociedade.

Estamos a andar "às arrecuas" e, como é sabido, os mais fracos são os primeiros a ficar esborrachados contra a parede. Por isso, não basta discutir-se o alargamento do prazo de pagamento dos empréstimos internacionais, têm de se alterar outras condições, nomeadamente o valor dos juros que estamos a pagar. Temos de ter outra visão e outras políticas para estimular a economia.

Temos de construir uma inteligência cooperativa que nos ajude a ter uma visão para sair deste buraco. Os portugueses precisam de governantes que levantam a sua voz para afirmar: "eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser... porque estamos ao serviço de Portugal". O superior interesse de Portugal não está acautelado. Precisamos de um balão de oxigénio!

 

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