Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Eleições autárquicas. Os nossos contrassensos.


Contrassensos  das eleições autárquicas

 

Os resultados das eleições autárquicas apresentam um contrassenso difícil de se perceber: a abstenção foi de 47,4 e em Oeiras ganhou um candidato que está preso. Se por um lado, as pessoas não votam por estarem descrentes dos políticos e das políticas, exigindo mais ética e eficácia na governação, por outro lado, apoiam um político que não terá olhado a meios e está preso por fraude fiscal e branqueamento de capitais

Em eleições autárquicas a abstenção registou as seguintes taxas: 35,4% em 1976; 26,2% em 1979; 28,6% em 1982; 36,1% em 1985; 39,1% em 1989; 36,6 % em 1993; 39,9% em 1997 e 2001; 39% em 2005; 41% em 2009 e 47,4% em 2013, segundo a PORDATA (Base de dados Portugal contemporâneo). Esta evolução pode ter múltiplas leituras mas apenas sublinho duas coisas objetivas. Primeiro: devemos refletir na distância a que a política está das pessoas, elas não se interessam, não se sentem implicadas e deixaram de acreditar.

A política e os partidos ao não motivarem os jovens e ao não são serem  um fator de esperança para novos e velhos, criam um vazio na democracia. Esta questão é muito séria e devia ser motivo de grande preocupação dos Estados democráticas. Quando a liberdade de voto é desprezada pelo povo começam a ruir os pilares da Democracia.

Segundo: por outro lado, em democracia o voto é simultaneamente um direito e um dever de participação. Será que não devia ser obrigatório e existirem consequências de não se votar? As pessoas podem manifestar o seu descontentamento através do voto em branco, mas têm obrigação de se pronunciar. Não votar significa demitir-se, transferir a responsabilidade para os outros e, na prática, manter-se na zona de conforto.

A outra parte do contrassenso destas eleições é o apoio a Isaltino Morais na candidatura à Câmara de Oeiras. Afinal o mesmo povo que se diz desacreditado da política e dos políticos é o mesmo que apoia um ex-candidato preso por dois anos. Alguém consegue explicar este fenómeno? Com o nível de exigência que existe em relação aos políticos, seria expetável que as pessoas repudiassem este tipo de candidato, mas não foi isso que aconteceu. Os apoiantes de Paulo Vistas, eleito presidente da câmara de Oeiras pelo movimento Isaltino Oeiras Mais À Frente, festejaram a vitória que é também a de Isaltino Morais.

A democracia é robusta, mas até quando terá elasticidade para suportar estes e outros contrassensos? Felizmente vivemos em democracia, mas temos de cuidar mais do nosso futuro para que esta energia boa, a democracia, não se esgote um dia.

Por último, deixo um abraço solidário a todos os candidatos e eleitos do PS que saiu claramente vitorioso nestas eleições e cumprimento democraticamente todos os eleitos. 

 

 

 

 

 

 

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