Os Sobreviventes
O
elogio dos Sobreviventes dos tempos atuais é uma forma de começarmos com força
redobrada o Ano de 2014. Os sobreviventes que somos cada um de nós, na nossa
vulnerabilidade perante a vida, e os que continuam a viver em cada um de nós
apesar de terem partido. Esta condição de sobrevivente é também a expressão da
nossa força e uma oportunidade de nos determinarmos a ir mais longe em cada dia
na construção de uma sociedade mais justa. Todavia, na realidade umas pessoas
são mais sobreviventes que outras.
As Pessoas. Na
certeza que a vida é única e irrepetível, deve ser celebrada em cada dia como
um valor absoluto. Assim, as políticas públicas para serem dignas do povo a que
se destinam, têm de colocar os direitos humanos no seu epicentro. Na certeza
que estão ao serviço das pessoas e que cada pessoa representa um valor que não
pode ser negligenciado.
É
por isso que devemos ter vergonha cada vez que uma pessoa não sobrevive por
falta de assistência. Aqui temos o dever de fazer mais um apelo para que o
sistema de funcionamento das VMER (Viatura
Médica de Emergência e Reanimação) que operam no Serviço Nacional
de Saúde, seja revisto com a seriedade exigida a todos os meios que salvam
pessoas.
É
isto que as pessoas esperam. Os portugueses não desistem do serviço público e
acreditam que há condições para ser eficaz e eficiente. Assim, seja
condignamente valorizado.
O Povo. A
condição de sobrevivente do Povo Português está hoje bem expressa no
"Sermão de Santo António aos Peixes" (séc. XVII), proferido pelo
Padre António Vieira contra os colonos e em defesa dos índios no Brasil:
"(...)
ouvi também agora as vossas repreensões.
Servir-vos-ão de confusão, já que não seja de emenda. a primeira coisa
que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande
escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns
aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era
menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, basta um grande para muitos pequenos,
mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para
um só grande".
A
Troika, ou outro peixe grande, não deixará de rondar este cardume de 10 milhões
de peixes miúdos, enquanto neste oceano existirem euros para cobrar a juros
elevadíssimos.
No
ano em que Portugal deseja regressar do Brasil com um título de campeão mundial
de futebol, seria excelente que esta utopia se concretizasse para aumentar a
nossa autoestima e, muito importante, que se cumprisse a utopia de libertar
este povo de uma estratégia de empobrecimento progressivo, materializada na
vida objetiva de cada pessoa e das famílias.
Porque
o valor "Vida" assim o exige, vamos acreditar que 2014 será um ano de
viragem, vamos ser positivos.
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