Uma crónica d´Abril
Esta
é uma história de um Abril que ainda está por fazer.
Era
uma vez....
Um "reizinho"
pequenino, mas do alto dos seus 25 cm aspirava ver longe. O cognome "reizinho"
tinha origem no seu desejo de ser príncipe na Terra do Nunca onde o maior
requisito era ter no mínimo 2 metro de altura. Este requisito advinha desse
povo viver numa terra com uma enorme barreira invisível que o impedia de ver
outros reinos.
Assim,
"reizinho" inconformado com tão grande infortúnio, descobriu com a
ajuda de um estrangeiro (por ventura um desses troikanos com a capacidade de
convencer os outros que o mundo gira ao contrário) que existiam umas coisas de madeira
chamadas andas que lhe podiam dar mais altura e rapidamente aprendeu a usá-las.
As enormes calças encobriam as suas andas e um dia quase conseguiu ser
consagrado "Rei", mas em plena festa
da consagração "reizinho" tombou. Na sua azafama, na tentativa
de sobressair, de se elevar para ver cada vez
mais longe, acabou por cair das andas.
Onde
é que esta história nos leva?
...A
uma sociedade povoada por gente que de cima das suas andas tenta gerir o poder
que nunca terá, pelo simples facto de não ter altura para tal.
...À
expetativa de ser decretada na Terra do Nunca o fim das andas para gente que não consegue alcançar longe, gente sem
visão para o futuro...
Antigamente na Terra do Nunca o povo vivia fechado
sobre si próprio, viveu assim durante 48 anos longos anos. A barreira invisível
que os envolvia não lhes permitia perceber que as coisas estavam a evoluir
noutros reinos, mantendo-se na ignorância. A falta de consciência sobre os
progressos possibilitados pelas democracias em que viviam outros povos, era
agravada por um analfabetismo gritante, uma vez, que a escola só era
obrigatória até à 4ª classe e era muito difícil continuar a estudar para além
disso.
Na
Terra do Nunca vivem hoje quase dois milhões de pessoas em risco de pobreza. De
acordo com o INE a pobreza subiu e atinge sobretudo os desempregados, as
famílias com crianças e as crianças com menos de 18 anos. Agora as crianças vão
à escola durante mais tempo, mas continuam a ficar muitas pelo caminho e cerca
de 25% são pobres.
Na
Terra do Nunca as coisas mudaram, mas a falta de visão mantém-se. Que futuro é
que tem um povo em que um quarto das crianças é pobre?
Esta
história leva-nos a perceber que a Terra do Nunca não é boa para viver e
faz-nos manter o desejo de visão para um futuro onde as pessoas e os
territórios, sejam governados por pessoas com visão de futuro.
Mais...
Leva-nos à certeza que
"reizinho" será sempre mais um igual a tantos outros, com a mesma
ambição e um fim improvável na Terra de Abril, numa sociedade com uma
Democracia forte, em que a justiça social seja real.
Um dia ainda vamos contar a história
da Terra de Abril para todos, se não for retirada às crianças e aos jovens a
capacidade de sonhar e de acreditar que o futuro lhes pertence.
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