Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Abril sempre...


Uma crónica d´Abril

Esta é uma história de um Abril que ainda está por fazer. 
Era uma vez....
Um "reizinho" pequenino, mas do alto dos seus 25 cm aspirava ver longe. O cognome "reizinho" tinha origem no seu desejo de ser príncipe na Terra do Nunca onde o maior requisito era ter no mínimo 2 metro de altura. Este requisito advinha desse povo viver numa terra com uma enorme barreira invisível que o impedia de ver outros reinos.
Assim, "reizinho" inconformado com tão grande infortúnio, descobriu com a ajuda de um estrangeiro (por ventura um desses troikanos com a capacidade de convencer os outros que o mundo gira ao contrário) que existiam umas coisas de madeira chamadas andas que lhe podiam dar mais altura e rapidamente aprendeu a usá-las. As enormes calças encobriam as suas andas e um dia quase conseguiu ser consagrado "Rei", mas em plena festa  da consagração "reizinho" tombou. Na sua azafama, na tentativa de sobressair, de se elevar para ver cada vez  mais longe, acabou por cair das andas.
Onde é que esta história nos leva?
...A uma sociedade povoada por gente que de cima das suas andas tenta gerir o poder que nunca terá, pelo simples facto de não ter altura para tal.
...À expetativa de ser decretada na Terra do Nunca o fim das andas para gente  que não consegue alcançar longe, gente sem visão para o futuro...
Antigamente na Terra do Nunca o povo vivia fechado sobre si próprio, viveu assim durante 48 anos longos anos. A barreira invisível que os envolvia não lhes permitia perceber que as coisas estavam a evoluir noutros reinos, mantendo-se na ignorância. A falta de consciência sobre os progressos possibilitados pelas democracias em que viviam outros povos, era agravada por um analfabetismo gritante, uma vez, que a escola só era obrigatória até à 4ª classe e era muito difícil continuar a estudar para além disso.
Na Terra do Nunca vivem hoje quase dois milhões de pessoas em risco de pobreza. De acordo com o INE a pobreza subiu e atinge sobretudo os desempregados, as famílias com crianças e as crianças com menos de 18 anos. Agora as crianças vão à escola durante mais tempo, mas continuam a ficar muitas pelo caminho e cerca de 25% são pobres.
Na Terra do Nunca as coisas mudaram, mas a falta de visão mantém-se. Que futuro é que tem um povo em que um quarto das crianças é pobre?
Esta história leva-nos a perceber que a Terra do Nunca não é boa para viver e faz-nos manter o desejo de visão para um futuro onde as pessoas e os territórios, sejam governados por pessoas com visão de futuro.
Mais...
Leva-nos à certeza que "reizinho" será sempre mais um igual a tantos outros, com a mesma ambição e um fim improvável na Terra de Abril, numa sociedade com uma Democracia forte, em que a justiça social seja real.
Um dia ainda vamos contar a história da Terra de Abril para todos, se não for retirada às crianças e aos jovens a capacidade de sonhar e de acreditar que o futuro lhes pertence.

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