Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.


Um Arco-íris sem cor

 
Na rua, encontrei uma pessoa que me disse "Então amanhã já é segunda-feira", tendo depois acrescentado: "É segunda para aqueles que vão trabalhar porque eu fui apanhado no despedimento coletivo do banco, com 30 anos de casa e 55 anos de idade, vou fazer o quê?". Para este homem, com filhos a estudar, ver-se sem emprego nesta fase da vida é sinónimo de nuvens negras no horizonte. Para ele o arco-íris ficou sem cor.

Assim, só o facto de 2015 ser um ano de legislativas justifica que, na sua mensagem de final de ano, o Primeiro-Ministro (PM) tenha dito ao país que "os portugueses não terão a acumulação de nuvens negras no horizonte" e que tenha afirmado: "temos o futuro aberto diante de nós". No entanto, o PM falhou na previsão do estado do tempo.

O ano iniciou com mortes nas urgências hospitalares, por alegada falta de assistência, com mais de 700 alunos sem aulas, devido à falta de financiamento público aos colégios para crianças com necessidades educativas especiais, e sem perspetivas futuras de emprego para aquele ex-bancário e para tantas outras pessoas. E já para não falar nas famílias que vivem da solidariedade de amigos e conhecidos.

No fim de tudo, fica a pergunta: Como é que essas pessoas são invisíveis aos olhos dos nossos governantes?. A verdade é que não se perspetiva que venham a sentir melhorias nas suas condições de vida, algumas dessas pessoas já nem estão presentes entre nós. 2015 vai ser um ano duro. Tudo isto é absurdo. Para as nossas sociedades é fundamental tratar das pessoas e aprofundar a coesão social.

Telegraficamente, mais duas notas:

1. Uma pergunta: Que Estado queremos? Temos de decidir se optamos por um Estado orientado por valores que estão ao serviço de uma minoria de favorecidos ou da maioria da população. A minha resposta é que queremos um Estado que aprofunde o modelo social europeu, sustentado no respeito pelos direitos humanos, na justiça social e na coesão social. É este o caminho para sociedades mais livres e para a paz.

2. A importância do Estado Social para a Europa não deve ser subestimada, em circunstância alguma. O chocante atentado terrorista em Paris, perpetrado  por jovens de nacionalidade francesa, não nos deve fazer avançar para posições extremistas que reduzam direitos, liberdades e garantias e acabem por delapidar o modelo social europeu.


Termino com palavras de solidariedade para com as vítimas do atentado ao jornal francês Charlie Hebdo e pela defesa da liberdade de expressão: Je suis Charlie.

in Jornal Diário do Sul, janeiro 2015
 

 

 

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