Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Combate ao terrorismo - Estados europeus, políticas públicas e juventude


in Jornal Diário do Sul, março.

 
 
Pela Paz Social


A paz que advém de vivermos em sociedades com certa segurança, de circularmos à luz do dia sem olharmos para a nossa sombra é uma sensação ímpar. É este estado de tranquilidade em que vivemos que os ataques terroristas na Europa pretendem ameaçar, criando um clima de profunda incerteza e insegurança. Por isso, o contraponto a esta realidade exige lideranças políticas e religiosas ímpares, que travem esta deriva politica criminosa. Isto sabemos. 

O que nos falta saber é se está a ser feito tudo o que é possível. Acreditemos que sim. Aliás, tem sido fantástica a coragem e a serenidade com que os povos europeus têm reagido. Esta será por ventura uma das melhores lições que podemos dar aos terroristas: a nossa luta é mais forte, nós vamos vencer. Todavia, é inevitável que nos interroguemos sobre algumas coisas e que venhamos a reforçar certas ideias.

Como é possível os terroristas terem uma “base” de recrutamento entre os jovens europeus?
Falamos de jovens pobres que vivem em situação de exclusão social, mas não só, temos notícia de conseguirem aliciar jovens de todos os estratos socio económicos. Perante isto, todos percebemos a importância de investirmos na construção de comunidades saudáveis! De apostarmos na coesão social, em cidades amigas dos cidadãos de todas as idades. Falamos da necessidade de existirem espaços e dinâmicas que fomentem o bem-estar das pessoas, que quebrem o isolamento social. A mão invisível das organizações sociais tem aqui um papel fundamental.

Não podemos deixar de nos interrogar sobre o que leva um jovem a aderir a movimentos fanáticos extremistas, mas também sabemos que o isolamento em que vivem muitos deles, mergulhados nas redes sociais, mas longe da vida real, é um fator de risco. É nestes momentos que percebemos a importância de existirem políticas sociais e de educação com uma perspetiva inclusiva; de olharmos a sério para aquilo que nos rodeia e de sermos proactivos, ou seja, de tecermos a teia da prevenção dos problemas sociais. De nos interpelarmos sobre o nosso próprio, ainda que modesto, contributo.
Será que não devia existir uma condenação pública mais veemente da violência cometida por essa gente? 

No tempo que decorreu entre os atentados de Paris e de Bruxelas, não assistimos a uma campanha intensiva contra estes movimentos, pelo contrário, a Europa parece ter ficado meio anestesiada. Temos conhecimento da ação das polícias e sabemos que a condenação política é inequívoca, mas é pouco mediatizada. É importante que existam campanhas de dissuasão, sobretudo dos mais jovens, em relação a movimentos que sob o véu do idealismo, da defesa de “causas”, escondem a carnificina humana, a barbárie. É conhecida a forma como atentam contra os direitos humanos das mulheres e das crianças, nas suas comunidades.  

Os líderes políticos e religioso podem ser mais enérgicos. A comunicação social tem um papel fundamental. Os jovens têm de saber quem realmente são esses movimentos terroristas e, principalmente, têm de ter um contraponto, de lhes serem apresentados outros valores, de serem enaltecidos, nas palavras e nos atos, outros modelos. Esses grupos “oferecem” identidade, sentido de pertença. A nós cabe-nos a responsabilidade de desmobilizar os nossos jovens, de lhes apresentar uma outra realidade, de os fazer sonhar com um mundo melhor.  

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