Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

CIDADANIA PARTICIPATIVA, CONDIÇÃO DA VIDA EM DEMOCRACIA

Jornal "Diário do Sul", segunda-feira, 5 de Maio.


A liberdade e a participação são duas faces do rosto da democracia. Numa época em que se comemora a Revolução de Abril e o Dia do Trabalhador, esta questão está na agenda da sociedade portuguesa. Com o 25 de Abril de 1974 conquistou-se a democracia para Portugal e a liberdade de expressão, um direito natural e adquirido para quem sempre viveu em liberdade e uma conquista preciosa para quem conheceu o exercício de silêncio a que a sobrevivência em ditadura impunha.

É importante recordarmos o facto de entre 1933 e 1974 ser absolutamente proibido comemorar o Dia do Trabalhador em Portugal. Este exemplo é uma das marcas da Ditadura que não encontramos nos nossos dias. O direito à Comemoração do dia 1 de Maio é uma das conquistas do 25 de Abril. Hoje Portugal é um Estado de Direito Democrático que reconhece o direito à manifestação e aos comícios, com uma comunicação social absolutamente livre.

A liberdade de expressão é um dos primeiros degraus da democracia. É preciso continuar a avançar e a dar sentido ao direito à palavra pela forma como cada um manifesta a sua opinião. Nesta matéria a cidadania portuguesa pode e deve ser mais exigente, não se demitindo de se manifestar de forma construtiva em todas as ocasiões. Este desafio é para todos e para os jovens, em particular.
Reforço a dimensão construtiva da crítica porque em Portugal ainda proliferam os “treinadores de bancada” que são acutilantes nas suas análises mas não assumem o risco de fazer as coisas de forma diferente. Ainda temos uma cultura demasiado centrada na crítica destrutiva e personalizada.

A democracia portuguesa precisa de aprofundar o direito à liberdade de expressão e executar o dever cívico de participação, com o contributo de todos os cidadãos. A questão não é só política, é antes de mais de cidadania. Esta situação exige que os cidadãos desenvolvam uma outra perspectiva e sentido de pertença à comunidade e que assumam que a mudança também depende do seu contributo, não delegando nos outros a gestão da sua “rua” mas considerando-se parte co-responsável pelo que se passa à sua volta.

Às organizações compete acolher quem deseja participar de forma construtiva. A realidade é que algumas ainda são demasiado defensivas e pouco permeáveis. A sociedade actual precisa de ser mais criativa e inovadora. Às organizações exige-se o investimento num ambiente amistoso à participação dos seus membros na construção de um projecto colectivo.

A liberdade e a democracia portuguesa estão ganhas. Agora o desafio é aprofundar a qualidade da nossa cidadania e para tal estamos todos convocados. Esta é a nova condição para um ganho da vida em Democracia!

Sem comentários: