Criei este blog enquanto instrumento de aproximação às cidadãs e aos cidadãos. É um conceito simples que visa partilhar os percursos, o trabalho e a visão das coisas de uma mulher, cidadã, politicamente comprometida no exercício da sua primeira experiência parlamentar e conhecer as opiniões e sugestões de quem me contacta, por exemplo, as suas.

A José Nascimento e António Barbosa agradeço respectivamente, a fotografia e a música.

Protecção social: a rede que amortece

O ano de 2012 vai ser um ano de grande austeridade, os alertas são constantes e por isso, estamos expectantes. Não basta fazer alertas para a gravidade do que aí vem, é necessário encontrar soluções para atenuar os efeitos da crise. Os portugueses são conhecidos por ser hábeis na "arte do desenrasca", mas desta vez é pouco provável que resulte.
 Quando não sabemos o que está a ser feito, é natural que nos questionemos. Será que nos devíamos mobilizar mais para amortecer os efeitos do que aí vem? Será uma perda de tempo queimar os nossos neurónios a imaginar soluções para apoiar as vítimas? O Estado tem algum plano para mobilizar as forças vivas da sociedade civil?
Prevenir, planificar, preparar, organizar, são verbos que deviam estar na actual agenda da Segurança Social. A sua vocação é a protecção social e neste momento pode ter um papel fundamental. Este discurso pode parecer inoportuno em tempos de austeridade, talvez até surreal. No entanto, visa apenas afirmar a necessidade de se apostar na criação de um plano social de contingência que previna os efeitos do tão anunciado estado de calamidade nacional.
A rede de protecção social tem de ser accionada. Nem tudo implica aumento de despesa. Isso exige uma mudança para estratégias novas e mais eficazes de liderança. O Estado tem de ouvir mais as organizações da sociedade civil. A sua relação tem de ser fortalecida. As IPSS, e as organizações sociais congéneres, são uma força que tem de ser mobilizada. A energia tem de fluir na vertical e na horizontal, as fronteiras têm de constituir um desafio e não um bloqueio.
É tempo de deitar abaixo as barreiras que nos impedem de cooperar. Numa época confusa, onde se espera o agravamento dos problemas sociais, é necessário fortalecer a interdependência dos parceiros. Esta é uma oportunidade única de transformar a nossa fragilidade actual numa força criativa. Como é que isso se faz? Fazendo.
Por exemplo, é fundamental dar força ao Programa Rede Social, de base local e que já existe desde 1997. Este Programa é uma plataforma de articulação das organizações de cada comunidade, com vista à erradicação da pobreza e à promoção do desenvolvimento social. O objectivo é precisamente criar novas formas de mobilizar esforços e recursos.
A Segurança Social e as autarquias têm responsabilidades acrescidas. Neste momento, a mobilização das forças vivas da comunidade vai depender muito da capacidade de liderança dessas entidades. É tempo de tecer novas relações, entrelaçar as fronteiras, juntar os fios e criar novos padrões sociais. Só um pano forte conseguirá amortecer a queda de muitas pessoas e servir de impulso para a reconstrução das suas vidas.
Nos tempos que correm, o nosso maior recurso é o capital humano, estamos à espera do quê? Destruir a confiança de um Povo, é hipotecar o futuro. Já estivemos mais longe, mas temos de conseguir travar essa tendência.

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